Esse é um blog que registra todo o processo criativo do espetáculo Carcaça Sentada no Abismo, inspirado no pintor Francis Bacon, o qual busca em sua tela a melhor maneira de expressar a crueldade da vida, o sofrimento mais profundo da alma humana, e o grito da carcaça de carne, ossos e incertezas em que se transformou o homem no último século e neste que dá seus primeiros passos.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Primeiro Ensaio Prático.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
FRANCIS BACON - Civilização Brasileira.
- Ligavam a pintura de Bacon ao expressionismo.
- O expressionismo pressupõe a projeção de emoções e pensamentos do artista em determinadas deformações ou enfatizações de sua obra.
- Assim como o expressionismo, sua obra tem a violência do gesto pictórico e seu efeito imediato de choque, que afeta o observador.
- A representação da figura humana como tema fundamental quase único em sua obra.
- A distorção é para deformar a realidade visualizada pelo observador, exercer sobre um efeito catártico semelhante ao buscado pela tragédia grega.
- O realismo de Bacon não está ligado à representação descritiva ou imitativa, mas equivalia a fidelidade à experiência vital como tema fundamental.
- Busca representar fragmentos da realidade – sem fazer comentários sobre ela – com os meios que a pintura Poe a sua disposição.
- A figura humana é abordada nos limites de sua desintegração, pouco antes de deixar de ser reconhecível.
- A violência da matéria pictórica com a convulsão da carne.
- Por vezes lançava blocos de tinta sobre a tela, trabalhando-as com as mãos, pinceis, ou quaisquer outros instrumentos diretos e pouco afinados.
- Espaços anônimos e desolados, como se fossem sórdidos quartos de hotéis baratos ou celas de uma prisão.
- Os espaços pertencem mais ao observador do que as figuras que contém, são um mecanismo retórico de mediação entre ele e o quadro, por meio do qual se dá conta de que tem diante de si uma experiência viva.
- Sempre se percebe a presença de móveis e utensílios não transcendentes, como uma lâmpada elétrica, um interruptor, são como objetos reais das colagens cubistas, a que Braque se referia como “minhas certezas”: âncoras figurativas para o espectador, que tornam verossímil, por contraste dialético, o horror contido nas figuras tortuosas e distorcidas.
- Seus quadros não significam coisas alguma, não geram ícones ou emblemas, apenas imagens cuja interpretação – no sentido estrito da palavra – não é concludente vêmo-las com quem presencia uma execução ritual, ou como quem sofre um acidente.
-Começa a utilizar fotografias e radiografias em sua obra, que já se centra em retratos e representações da figura humana.
- Estudos fotográficos de seus humanos e animais em movimento feitos por Edward Muybridge.
-Aos poucos aparecem os cubos lineares que, como jaulas transparentes, isolam a figura de seu ambiente.
-Passa a utilizar pessoas de seu círculo mais íntimo, retalhos de sua própria vida. São rostos e nomes que se tornam familiares para todos os aficionados de sua pintura.
- Na trajetória de Bacon, sem eu início, repetem-se temas ligados tanto a pintura do passado quanto a mitos de caráter trágico tomados da literatura ou da tradição artística.
-Busca nesses motivos a auréola da tragédia, a base adequada para evocar o grito primordial de seus quadros iniciais, ou a violência íntima das coisas reais.
- As referências escolhidas por Bacon, têm em comum uma origem trágica e, portanto, de catarse e comoção.
-O grito pode ser igualmente entendido como resultado do relaxamento mandibular que se reproduz nos estados cadavéricos.
A FIGURA E O ESPAÇO
- A partir dos anos cinqüenta se observa clara diferença entre o tratamento da figura – violenta, distorcida, com grande massa de matéria -, e o espaço circundante, disposto como um cenário vazio.
- Coloca o espectador como um voyeur na cabine de um show pornô, enfrentando a figura em sua intimidade profunda.
- A caixa espacial é, o lugar imaginário do observador.
A CARNE VIOLENTADA
- Concebe a execução de suas figuras em termos de violento corpo-a-corpo.
- As figuras de Bacon aparecem como uma orgia de carne dilacerada, ferida tensa.
- Gosto por cadáveres de animais abertos ao meio.
- Partindo das fotografias de Edward Muybridge, transforma essas cenas assépticas e congeladas em violentos encontros amorosos de feição homossexual, explorando todo o potencial de luta agressivo e orgiástico.
A FIGURA E MOVIMENTO
- A maioria das figuras é de nu masculino.
- Relação com a obra de Miguel Ângelo.
- Figuras sempre em posições acrobáticas e inverossímeis, se liga a seu conceito dialético da representação, cujo efeito reside no contraste de elementos opostos, no rastro deixado na tela pela violência substantiva que ela pretende representar.
- Círculos que funcionam como lentes de aumento ou dão ênfase aos focos de tensão, e as setas, que indicam sobriamente a direção básica do movimento.
- Fusão de duas posições sucessivas numa só figura.
- Tensão muscular.
- O próprio movimento de figura que molda as formas do corpo.
- O interesse de Bacon pelas correntes de água ou pelas dunas de areia açoitadas pelo vento se explica pela possibilidade que lhe dão de reproduzir materialmente seu comportamento dinâmico com a própria aplicação de tintas.
RETRATOS
-A presença humana é a premissa básica de toda obra de Bacon.
- O pintor muitas vezes partia do uso de fotografias, pois as achava melhores do que o modelo vivo, cuja presença perturbava o processo de elaboração pictórica.
AUTO-RETRATOS
- Por maior que seja a deformação, as personagens de Bacon permanecem reconhecíveis e identificáveis.
- A longa seqüência de auto-retratos quase pode ser vista como um diário pictórico.
TRÍPTICOS
- Sua seqüência de imagens raramente tem sentido narrativo, sendo antes repetição ou variação cerimonial.
- O objetivo fundamental é o de envolver o observador numa espacialidade a uma só tempo ambígua e sugestiva, reforçando o efeito das caixas espaciais, onde se situam as figuras.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
FRANCIS BACON - LA DERIVA DEL YO Y EL DESGARRO DE LA CARNE - Adolfo Velazquéz Rocco
- O corpo se apresenta como um objeto mutilado que regressa à animalidade.
- Em sua pintura, o homem padece do sofrimento da carne, que é interpretado como o fim do corpo e o seu último reduto.
- O êxtase, desejo da carne, dos fluidos, dos detritos, a mutilação e a morte que invadem as telas de Bacon.
- Retrata a sociedade de seus desgarrados pela vida, que tratam de limpar seus pecados em banheiros sujos e solitários, seres iluminados por um sol enforcado e concentrado num anêmico bulbo o qual os ilumina.
-Espaço do corpo contestado, não observado enquanto espaço ou refúgio.
- O controle do corpo é uma ilusão, o homem passa sua existência em uma falta de estabilidade que é desconhecido.
- Se questiona a identidade e os valores que se consideravam formadores do homem. O corpo é reconstruído e suas fronteiras transpassadas e superadas.
- Proximidade com a morte e a semelhança a um cadáver chega a dissolver e a desaparecer.
- Realiza uma anatomia da autodestruição humana, tenta pegar a intensidade da experiência corporal nesses momentos de dor e êxtase.
- A morte invade as telas de Bacon, o corpo se desfigura, se apodrece, vulnerável e fronteira do orgânico e os detritos o invadem todo.
- A morte infecta a vida.
- Bacon descobriu que a forma mais simples e efetiva para criar a intensa emoção que queria que seus quadros transmitissem, era fazê-lo em uma única investida, que tudo o que necessitava era um rosto e não uma figura, uma jaula e ou uma cortina partida.
- Observa os animais, geralmente em reportagens fotográficas, servia a Bacon de entretenimento para revelar e expressar de forma mais precisa o instinto humano.
- O homem despojado de sua humanidade, o homem enquanto animal.
- Criou uma série de corpos crucificados, contorcidos, mutilados, disformes, com rostos no limite para desaparecer, seres que copulam, defecam, vomitam, ejaculam, sangram e se desmoronam.
- O corpo na obra de Bacon se faz carne, dessacraliza, apresenta como espasmo, rompe com a harmonia da superfície e da forma de um ser armazenado por sua própria indefinição, isso pela perda de sua identidade.
- Um corpo que se decompõe, que escapa por uma boca que grita, que se esvazia, se prolonga no sêmen, se dilata, se mistura com outros corpos, metamorfoseia-se em seu reflexo.
- Disseca o corpo como um cirurgião para nos mostrar a vulnerável condição humana.
- A boca é um orifício que se liga ao interior do corpo, uma abertura profundamente sexual.
- Autorretrato é a produção mais abundante da sua obra.
- A abstração, a redução a cortes da fisionomia, é uma tentativa de transcrever o conjunto de sensações que o modelo retratado suscita no pintor.
- Da identidade ao rosto em processo.
- O espelho é algo que deveria permanecer oculto, velado, inscrito no campo do narcisismo como falta não obstante, mas a imagem se manifestou.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
O CORPO DESFEITO POR FRANCIS BACON por Rogério Luz
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
"Francis Bacon - Um grito suspenso na distorção da imagem"...de Beatriz Elisa
Imagens.
Peter Lacy e Francis Bacon
John Edwards
George Dyer e Francis Bacon
Papa Innocenzo X de Velazquez
Guitarrist de Pablo PicassoO Massacre dos Inocentes de Nicolas Poussin
Metropolis de Fritz Lang
Dean Close School.
Um pouco sobre Francis Bacon..
Os anos sessenta foram o tempo da sua consagração. Participou em inúmeras exposições e tornou-se conhecido mas o sucesso não impediu uma tentativa de suicídio em Nova Iorque, em 1968. Mas foi George Dyer, com quem vivia desde 1964, quem acabou por se matar num quarto de hotel em Paris, nas vésperas da inauguração de uma grande retrospectiva de Bacon no Grand Palais, no início dos anos setenta. Só em 1974 é que Francis encontrou John Edwards com quem manteve uma relação estável e paternal e que herdou o seu espólio, depois da sua morte, de ataque cardíaco, aos 82 anos.