sábado, 23 de junho de 2012

Ensaio dia 19/04/2012

Hoje foi diferente. O estímulo de dançar com o chão na cabeça e o teto nos pés, por mais que seja apenas uma imagem, ela gera uma perturbação mental. Parece que grande parte do improvisar essa nova relação permanecia latente para mim. Aos poucos fui esquentando e percebi que fico muito aquecido quando permito um envolvimento mais psicológico..não sei..Hoje controlei mais essa questão e tentei trabalhar mais com uma certa frieza. Percebi que o cansaço corporal fez com que eu fosse mais econômico, ou melhor, segurar a energia. Não foi um improviso muito rico de movimentação , mas tentei deixar mai claro pra mim o posicionamento  HOMEM dessa figura. Muita imagem perturbadora surgia com a inversão do chão e teto, o que me estimulava. Senti que a trilha estabelece uma atmosfera, o que me desprendeu ao final,  pois era uma trilha "alegre".

- A movimentação inicial do pendurado é legal.
- Partes mortas é diferente de partes amputadas.
- Estou esquecendo das partes mortas.
- A vela é interessante com a queda.
- A subida na vela é muito ágil.
- Perdi as partes amputadas.
- Estou perdendo a ré.
- Amassar do rosto é interessante.
- Não dar tanto enfoque à parte morta.
- A coruja foi interessante.
- A minhoca foi interessante.
- Boa tirada de roupa.
- Lesma a prestação, quase engatinhando.
- Suavizar as quebras.
- A investigação do espelho foi natural.
- Trabalhar a tridimensionalidade.
- Perdi a tridimensionalidade do corpo e do deslocamento.
- A interiorização.
- Desdenhar o público.
- Foco zero hoje.

Reflexão sobre um ato criativo

Até onde cheguei esse processo...
No atual momento do processo eu tenho me questionado sobre o ato artístico e até mesmo a dança. Desde o início sabíamos que não seria um resultado comercial ou pop, mas algo que nos faria questionar a criação de uma movimentação. Buscava essa definição de corpo-em-risco, e cada vez mais me debruço nessa questão para o criador que se lança numa tempestade criativa, onde não se sabe o que virá. Entender Bacon primeiramente é sentir que sua obra não traz uma narrativa, mas imagens que configuram um dentro-fora que é preenchido por cores, sensações, mas não foca no sentimento. Figuras, homens, mulheres, bichos, monstros que não sentem, mutilam-se e são mutilados, porém, não derrubam uma lágrima, como se vivessem para dentro. O local do intérprete em Bacon começa a ser também esse. É a vida interna externalizada num círculo imaginário, um espaço sem-limites, o oceano sem praia, apenas profundidade, sem bordas, sem margens. A maior dificuldade nessa criação é ser preenchido por sua obra, sem se envolver  dramaticamente. Esses seres existem por si só, bastam-se por elas mesmas. O movimento de Bacon não te começo nem fim, vive e forma-se no meio, seria o bicho a ponte entre o homem e o monstro? Percebo que cada vez mais começo a pisar num terreno movediço e instável na criação, não passa racionalização mas um estado abissal, que conduz à criação. Como sair isso tudo de mim?

Ensaio dia 18/04/2012

O exercício de falar as imagens é bem interessante, pois vai conduzindo a uma concentração, a uma calma e trazendo diversas imagens e sensações. Teve um momento bem estranho como se a imagem trouxesse uma fisicalidade que dominasse. Esse foi o momento que a boca se abria, como se um fluxo passasse e fosse até a minha cabeça. No momento que iniciei, senti que estava aquecido internamente, como se estivesse explodindo. Senti muito vigor, foi o dia que menos cansei fazendo. Me senti concentrado e disposto a vivenciar. O final eu senti uma necessidade de encontrar essa suavidade, o que foi interessante de abordar.


- Dificuldade em se manter imparcial na primeira parte.
- Lidar com o texto verbal.
- "Aqui dentro é tão grande que nem tenho força pra sair.."
- "É maior do que a minha boca, a minha boca é maior do que eu mesmo.."
- "Meu grito sai vermelho, eu vivo pelo avesso.."
- Muito passional não cabe.
- Para emitir o som, precisa animalizar o rosto?
- Na passagem houve transição entre eu, personagem e não-bacon.
- Buscar um padrão específico.
- Onde está a suavidade do personagem?Onde?
- Como se expressa nesse corpo?
- A movimentação passa pelo animal.
- DEVIR ANIMAL X DEVIR HOMINAL X DEVIR MONSTRUOSO.
- Se permanece só no animal fica apenas uma metamorfose.
- Como eu elaboro reflexivamente e poeticamente o processo?
- Fazer um conto.

Ensaio dia 17/04/2012



Difícil. Parece que ao estipular uma estrutura tudo fica mecânico. mesmo que eu me force a permanecer naquele estado, o racional parece conduzir. Senti que demorei a esquentar. O som externo do início me desligava muito. As tantas dramaturgias que surgiam nos outros ensaios, não vinham nesse. A frustração as vezes bate. Tentei não me enganar e sim fazer aquilo que me propunha e tentando ser fiel as minhas sensações. Momentos me lanço nesse abismo e momentos me afasto da borda. Me sinto estimulado pelas opções mas conectá-las é difícil, é criar um sentido antecipado, é prever o que virá.

-Menos genuíno.
- Não dava a preparação minuciosa.
- Descobrir uma maneira de dominar esse frescor.
- Como clarear blocos de movimento?
- Fica evidente a tentativa do intérprete com os elementos.
- O trabalho do pé é interessante porém sem meia.
- O multi-focado em Bacon.
- Fiquei com o corpo muito fechado.
- No gesto está muito formalizado, ser mais difuso, vago, perdendo o valor, não ser claro.
- No estresse da cadeira, sem som, limpo,  senão fica dramático. Ficar mais tempo.
- NÃO TEM DESESPERO NA OBRA.
- Não fiz muito deslocamento nos momentos sísificos.
- Aproximar a testa no joelho na sequência da cadeira.
- Preparação para o Pedestal foi boa com a subida na cadeira.
- A fragilidade na dúvida do som.
- Crescente mais claro, não ficar indo e voltando no crescente.
- Depois do Pedestal, humanizar e manter o som ou intenção.
- PESQUISAR SOBRE MANEIRAS DE UTILIZAR O JORNAL.
- Não titubear.
- Comer o jornal não é interessante.
- Mudar no Durex o estado.
- O grito foi de pouca duração.
- A nudez = desvendar a carne.
- Nudez é necessária.
- Não existiu pausa, nem em ação, nem espacial.
- Assume o caos no espaço ou não?
- Foco narrativo interno.