sábado, 23 de junho de 2012

Reflexão sobre um ato criativo

Até onde cheguei esse processo...
No atual momento do processo eu tenho me questionado sobre o ato artístico e até mesmo a dança. Desde o início sabíamos que não seria um resultado comercial ou pop, mas algo que nos faria questionar a criação de uma movimentação. Buscava essa definição de corpo-em-risco, e cada vez mais me debruço nessa questão para o criador que se lança numa tempestade criativa, onde não se sabe o que virá. Entender Bacon primeiramente é sentir que sua obra não traz uma narrativa, mas imagens que configuram um dentro-fora que é preenchido por cores, sensações, mas não foca no sentimento. Figuras, homens, mulheres, bichos, monstros que não sentem, mutilam-se e são mutilados, porém, não derrubam uma lágrima, como se vivessem para dentro. O local do intérprete em Bacon começa a ser também esse. É a vida interna externalizada num círculo imaginário, um espaço sem-limites, o oceano sem praia, apenas profundidade, sem bordas, sem margens. A maior dificuldade nessa criação é ser preenchido por sua obra, sem se envolver  dramaticamente. Esses seres existem por si só, bastam-se por elas mesmas. O movimento de Bacon não te começo nem fim, vive e forma-se no meio, seria o bicho a ponte entre o homem e o monstro? Percebo que cada vez mais começo a pisar num terreno movediço e instável na criação, não passa racionalização mas um estado abissal, que conduz à criação. Como sair isso tudo de mim?

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