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Esse é um blog que registra todo o processo criativo do espetáculo Carcaça Sentada no Abismo, inspirado no pintor Francis Bacon, o qual busca em sua tela a melhor maneira de expressar a crueldade da vida, o sofrimento mais profundo da alma humana, e o grito da carcaça de carne, ossos e incertezas em que se transformou o homem no último século e neste que dá seus primeiros passos.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Ensaio dia 29-03-2012
Comecei hoje com a roupa sentado na cadeira. Fechei os olhos e deixei os acordes do som, minha respiração e imaginação me guiarem. Antes do ensaio revisitei a obra, e senti que entrei mais preenchido hoje. Me veio o conceito de espasmo no rosto, como se fosse um autorretrato borrado. Leves tensões surgiam em pontos específicos do rosto e se espalhavam aos poucos pelo resto do corpo. Um estado surgiu nessa pesquisa. Utilizei a cadeira novamente com deslocada, deitado por cima dela. Comecei a utilizar o devir animal como opção de conceito. A animalidade é mais fácil de ser abordada. Não penso no animal e sim numa organicidade que ele propõe. A caminhada surgiu exitante, desconfiada. Ela sabe que acontece porém não é direta. Ao chegar na mesa eu comecei a trabalhar com possibilidades de escrever sem usar as mãos, e sim a boca. Devorei o papel sem utilizar as mãos e também experimentei movimentações na cadeira. Tirei os sapatos, buscando sempre esse estado de não presença, de arrastado, de sucção interna. Fui para as cortinas, mudei um pouco a dinâmica, mas mantendo a aproximação do interno. Ao retirar a calça, utilizei-a nos pés como se fosse minha sombra. O encontro comigo mesmo: a sombra.
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