Esse é um blog que registra todo o processo criativo do espetáculo Carcaça Sentada no Abismo, inspirado no pintor Francis Bacon, o qual busca em sua tela a melhor maneira de expressar a crueldade da vida, o sofrimento mais profundo da alma humana, e o grito da carcaça de carne, ossos e incertezas em que se transformou o homem no último século e neste que dá seus primeiros passos.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Ensaio dia 30/05/2012
- Manter a diminuição de intervalos entre um grito e outro.
- Poluir mais fisicamente.
- Como eu entendo o crescente, é do chão ou na cadeira.
- Controlar a agressividade nos intervalos no rosto.
- Blasé no início, depois pode deixar a agressividade.
- Busca da neutralidade.
- Boa consciência no chão.
- A intensidade é boa nos solos, no improviso de uma hora eu não sustento.
- É um recurso parar atrás da cadeira sem se mover.
- Desloquei pouco no caranguejo.
- Fazer a cadeira passear.
- O movimento do pé lembrou a chave porém sobrou.
- A retomada depois do caranguejo ficou tensa.
- Porco funcionou, porém o som se misturou.
- O caranguejo poderia ter crescido mais.
Ensaio
- Conversa neurótica.
- Durex.
- Pedestal + gritos e sussurros.
- Texto.
- Sequência cadeira.
- Sequência cambrê + ré.
- Ficar 3 improvisos experimentando essa sequência.
- Espaço para coisas novas ao mesmo tempo que fixa ainda mais os antigos.
- Possivelmente no futuro experimentar algo com velocidade, igual as fotos.
- Aceitar o estranho que traz a frieza (recurso)
- Des-sentimentalizar.
- Demora para sair de alguns estados.
- Não tem sentimentalização.
- Neutralidade e frieza do personagem.
- Ainda rola uma resistência para alguns elementos novos que são propostos, não dando importância para esses elementos novos.
- Experimentar com palito e gravata.
- Cinza e branco. (roupa)
- Exploras as costelas.
Ensaio
Cenas
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Elementos contidos nas cenas
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1- Coreografia cadeira (estado
homem e animal + neutro + doce + existindo)
DC
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ensimesmamento / tempo dilatado /
tremedeira / som / desloc. sisifico / foco / lesma / estresse / homem sentado
/movimento sustentado
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2-Coreografia
Ré/cambrê (estado homem e monstro + neurótico + neutro)
FC
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movimentos para trás / foco /
deslocamento pombo e elefante / pontes / desarticulação / boca do papa /
contorções
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3- Durex (estado homem e animal +
doce + neutro + voyerismo + existindo)
DC
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ensimesmamento / tempo dilatado /
lesma / aleijado / tirada calma do
durex / som / exibicionismo (para si mesmo) / deformação
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4- Texto (estado monstro e homem +
ensimesmamento + neurórico + agressivo + existindo)
F
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desarticulação / estaladas ósseas
/ lesma / deslocamento sisifico / voz abissal
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5- Pedestal/gritos e sussurros
(estado homem/monstro/animal/homem + neurótico + agressividade)
A
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corpo fugindo de si / desarticulação /
estaladas ósseas / som abissal / relação com a cadeira / boca papa / boca
tríptico / contração / espasmo
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Ensaio dia 24/05/2012
- Usei pouco das partes mortas.
- O grito?
- Grotesco.
- Empatia e não pena.
- Sapato foi muito fetichista, criando uma relação.
- Caranguejo foi pouco e não chegou a um lugar.
- Não foi sofrido, mas rola uns dramas.
- O pedestal foi demorado para ocorrer, não houve crescente.
- Trabalhar os crescentes.
- Onde está o homem?
- Não estou trabalhando as quebras e retomadas de consciência.
- A boca no grito não tá abrindo toda.
- O personagem ficou pouco em pé, uma vez apenas.
- Durez não apertei e não passei verticalmente.
- Trocar o durex mais grosso.
- Tirar a cueca só no final fica gratuito.
- Mais crescentes.
- Não ritualizar a tirada de roupa.
- Sons foram ruins.
Ensaio dia 23/05/12
- Aceitar que não farei tudo.
- Desapegar.
- Como sintetizar?
- Trabalhar os caminhos.
- Lesma.
- Desarticulado.
- Alguns elementos que possam polvilhar durante o espetáculo.
- O personagem está ali, mesmo não estando aquecido.
- Coerente na movimentação.
- Eterna busca.
- Busca dentro do encontro.
- Foco traz a consistência.
- Estou me apegando em um foco tenso.
- Relaxar as vezes o foco. (dissolver)
- Pequenos movimentos, deslizando o foco, a atenção para aquilo que quero.
- Pensar e buscar a força da minúcia.
- Me questionar o quão perto e longe eu estou de Bacon.
- Rever e coexistir a obra do Bacon.
- Cuidado com a voz Pato Donald.
- Interessante o texto corporificado.
- Ficou um pouco estranha a transição para o porco.
- Pirar no porco embaixo da cadeira, o som também foi menos.
- Tridimensionalidade.
- Foco pode ser para frente também.
- O texto permanece do monstro para o humano.
Ensaio
- Na pausa, mais peito para o teto.
- Na estendida de quarta não girar a cabeça e reforçar o torcer dos braços.
- Na lesma não ficar se esfregando.
- No monstrinho pensar mais no alisar o corpo. (gosmento)
- No monstro já vai para o ensimesmado de baixo com a boquinha, que se mantém até a ponte.
- A qualidade do desarticulado é interessante.
- A energia do final é mais seca, senão fica over.
Ensaio
Ensaio dia 16/05/2012
- Cambrê passarinho no círculo.
- Cambrê elefante com jogada de cabeça para trás.
- Congela na preparatória para a quarta posição.
- Joelho no chão.
- Cambrê até o chão.
- Troca de joelhos, cerca de cinco vezes.
- Quarta posição no cambrê com três passinhos.
- Monstrinho torto.
- Pulmão ensimesmado.
- Deitada com pulmão.
- Ponte com cabeça girando e cabeça por cima do braço.
- A cabeça do passarinho mais seca.
- A cabeça do elefante é mais jogada e calcanhar fazendo barulho.
- Controlar bacia para não cair na troca de joelhos.
- Força para finalizar com o giro na ponte.
- Melhorar as transições.
- Utilizar o foco.
- Melhorar a qualidade.
- Pausa é pausa.
- A formação para a quarta foi boa.
- A passada do braço precisa ser mais diluída.
- Descer no joelho da quarta com braço estendido.
- Tirar a ondulação no joelho.
- O pé caminhando chapado e limpo.
- Sequência que desliza.
- A parte da mão na quarta posição precisa ser mais flúida.
CONTROLAR A RESPIRAÇÃO DURANTE TUDO.
Ensaio dia 15/05/2012
- Cabeça para trás na ré.
- Cabeça mais quebrada na ré passarinho.
- Possibilidades na Quarta posição em pé.
- Controlar a respiração.
- Pé sempre em contato com o chão.
- Acentuar a jogada da cabeça para trás com o pé batendo no chão gradualmente.
- Trabalhar a pausa antes da quarta posição.
- Fazer o movimento do braço na quarta posição.
- Estudar idas para o joelho.
- Coreografar a parte do joelho.
- Monstro ponte.
- Pensar em movimento da ponte passando pela cabeça.
Ensaio 14/05/12
"Consolação grande uma é piores. São outros os que saber basta-me isto. E sou como sou. Mim de piedade tenham que recuso e desgraçado sou. Deuses dos prerrogativa uma é carne. Comer pássaros de garganta em galo de frango de coxas em tetas, em fixar-se novilhas de ancas a aves de brancas carnes, a atracar-se preferem eles. Mas pedras trituram eles, preciso for. Se carniceiros e firmes são ainda outros, os três ou dois faltam. Mal envejaria-os? Quem afiados e brancos dentes meus? Mostrar para assim, abro eu desespero de grito. Eu, por que escancarada está. Ela que verdade é não boca. Minha, é orgulho de fonte maior, minha. "
Ensaio dia 10/05/2012
- Não trabalhei a amplitude do movimento.
- Tirar o contorno.
- Usei pouca torção, corpo disforme.
- O abissal.
- O instinto.
- O espasmo.
- Criação de outra dimensão.
- Se criando por dentro, a partir dos órgãos.
- Coexistência.
- O interno frágil.
- Beleza pelo feio.
- Filme: Gritos e Sussurros.(Bergman)
- Ele é dentro.
domingo, 1 de julho de 2012
Ensaio dia 09/05/2012
- Foco não existiu.
- Os seres baconianos, não são espaços diretivos.
- O corpo do personagem e o foco não são diretivos, nada é diretivo.
- A insegurança.
- Corpo em uma direção e foco em outro.
- Rever a obra.
- Espelho interessante, não ficar sempre contínuo.
- Trabalhar os momentos de ruptura de direção, tempo, com pequenas quebras.
- Quebrar o seguir, o fluido.
- Pausas.
- Olho muito para os objetos, fica muito afetivo.
- Desviar o foco do objeto.
- Procurar mais o som abissal.
- Ter cuidado para não deixar o olhar se tornar afetivo.
- A construção do fauno para o cambrê foi ruim.
- A troca de joelhos no cambrê foi boa.
- Grito foi baixo.
- A ponte precisa ser construída aos poucos.
- Os movimentos são vocabulários, eles podem retornar.
- A parte amputada pode surgir em vários lugares, som e mortas.
- Criar pontos de identificação do personagem.
- Experimentar mais o texto.
- Som do pedestal não foi bom.
- Sustentei as pausas bem.
- Construir para o ser e não para o espetáculo.
- O que reflete meu abismo?
- Mais caos.
- Lesma sumiu.
- A queda da cabeça com pausa.
- Descontínuo dentro do contínuo.
Ensaio dia 08/05/2012
- Arrastada pode ser um pouco maior.
- Arrastada com a perna estendida.
- Excesso de som.
- Black Out do personagem de uma mudança de pose.
- Pensar nas rupturas dentro desse tempo dilatado contínuo.
- Arrumar a mão no botijão.
- Peso do personagem para tudo.
- Atenção na descortinada do rosto quando está sentado.
- Foco.
- Cabeça dentro da cabeça conversando.
- Tremer não é sacudir.
- Carrapato.
- Cuidado para que o Fauno não vire um Pavão.
- Perna de trás puxando.
- Cambrê com a cabeça sustentado ou não após o fauno.
24/04/2012
- A presença sempre influencia, porém não tirou a concentração.
- Passei por materiais já trabalhados.
- Sofri um pouco.
- Visceralidade.
- Todos os órgãos, células, tudo é estado em Bacon.
- Curti o início sozinho.
- Indiscernível.
- Proposta de fazer um ensaio sozinho e filmado.
- Passei pelo drama.
- Não tem que ficar preenchendo nada.
- Não tive pausas.
- Cade as pausas?
- Desejo do indiscernível.
- Mesmo sofrido, não é trágico.
- A naturalidade?
- Não tem vitimação.
- Se constrói um tempo e um espaço.
- Como selecionar.
- No início as partes se mutilam e se encaixam.
- A busca por ser completo.
- A tridimensionalidade.
- Relaxar o rosto.
- Universos individuais.
- A cadeira como continuação do corpo.
- Funde os elementos no corpo.
- Boa concentração.
- Já comecei muito forte.
- Mão com excesso de movimento.
- Avançar mais com o pé.
- Pouco foco distorcido.
- Foco zero.
- Foco caindo pra dentro da cabeça.
- Saí do espaço várias vezes.
- O grito foi diferente.
- Não foi o grito das costelas.
- Perceber e ter consciência da imagem que crio.
- Boa tirada do durex.
- Tudo foi alardozo.
- Afobação.
- Rever as partes mortas e amputadas.
Ensaio dia 23/04/2012
- Compreensão do personagem.
- O que me traz?
- Escrita artística como mecanismo e estímulo à criação.
- Os abismos do corpo.
- Se lançar nesses abismos.
- Fraturar.
- Inchaços.
- Sua própria decomposição.
- O que tenta sair é maior do que a minha boca.
- Tenta fugir dele mesmo.
- Aceitação é uma desistência da luta.
- O abissal desse personagem.
- Não é o centro físico.
- Onde é esse centro abissal?
- Curiosidade mórbida pelo dentro.
- Uma experiência.
- Eu manipulando esse corpo. (o próprio corpo)
- Grito é o momento da libertação daquilo que é grande e está saindo.
- Ulisses. (Joyce)
- Paixão Segundo GH.
- Fisicalizar aquilo que não é coreografado.
- Corpo desconstruído.
sábado, 23 de junho de 2012
Ensaio dia 19/04/2012
- A movimentação inicial do pendurado é legal.
- Partes mortas é diferente de partes amputadas.
- Estou esquecendo das partes mortas.
- A vela é interessante com a queda.
- A subida na vela é muito ágil.
- Perdi as partes amputadas.
- Estou perdendo a ré.
- Amassar do rosto é interessante.
- Não dar tanto enfoque à parte morta.
- A coruja foi interessante.
- A minhoca foi interessante.
- Boa tirada de roupa.
- Lesma a prestação, quase engatinhando.
- Suavizar as quebras.
- A investigação do espelho foi natural.
- Trabalhar a tridimensionalidade.
- Perdi a tridimensionalidade do corpo e do deslocamento.
- A interiorização.
- Desdenhar o público.
- Foco zero hoje.
Reflexão sobre um ato criativo
No atual momento do processo eu tenho me questionado sobre o ato artístico e até mesmo a dança. Desde o início sabíamos que não seria um resultado comercial ou pop, mas algo que nos faria questionar a criação de uma movimentação. Buscava essa definição de corpo-em-risco, e cada vez mais me debruço nessa questão para o criador que se lança numa tempestade criativa, onde não se sabe o que virá. Entender Bacon primeiramente é sentir que sua obra não traz uma narrativa, mas imagens que configuram um dentro-fora que é preenchido por cores, sensações, mas não foca no sentimento. Figuras, homens, mulheres, bichos, monstros que não sentem, mutilam-se e são mutilados, porém, não derrubam uma lágrima, como se vivessem para dentro. O local do intérprete em Bacon começa a ser também esse. É a vida interna externalizada num círculo imaginário, um espaço sem-limites, o oceano sem praia, apenas profundidade, sem bordas, sem margens. A maior dificuldade nessa criação é ser preenchido por sua obra, sem se envolver dramaticamente. Esses seres existem por si só, bastam-se por elas mesmas. O movimento de Bacon não te começo nem fim, vive e forma-se no meio, seria o bicho a ponte entre o homem e o monstro? Percebo que cada vez mais começo a pisar num terreno movediço e instável na criação, não passa racionalização mas um estado abissal, que conduz à criação. Como sair isso tudo de mim?
Ensaio dia 18/04/2012
- Dificuldade em se manter imparcial na primeira parte.
- Lidar com o texto verbal.
- "Aqui dentro é tão grande que nem tenho força pra sair.."
- "É maior do que a minha boca, a minha boca é maior do que eu mesmo.."
- "Meu grito sai vermelho, eu vivo pelo avesso.."
- Muito passional não cabe.
- Para emitir o som, precisa animalizar o rosto?
- Na passagem houve transição entre eu, personagem e não-bacon.
- Buscar um padrão específico.
- Onde está a suavidade do personagem?Onde?
- Como se expressa nesse corpo?
- A movimentação passa pelo animal.
- DEVIR ANIMAL X DEVIR HOMINAL X DEVIR MONSTRUOSO.
- Se permanece só no animal fica apenas uma metamorfose.
- Como eu elaboro reflexivamente e poeticamente o processo?
- Fazer um conto.
Ensaio dia 17/04/2012
Difícil. Parece que ao estipular uma estrutura tudo fica mecânico. mesmo que eu me force a permanecer naquele estado, o racional parece conduzir. Senti que demorei a esquentar. O som externo do início me desligava muito. As tantas dramaturgias que surgiam nos outros ensaios, não vinham nesse. A frustração as vezes bate. Tentei não me enganar e sim fazer aquilo que me propunha e tentando ser fiel as minhas sensações. Momentos me lanço nesse abismo e momentos me afasto da borda. Me sinto estimulado pelas opções mas conectá-las é difícil, é criar um sentido antecipado, é prever o que virá.
-Menos genuíno.
- Não dava a preparação minuciosa.
- Descobrir uma maneira de dominar esse frescor.
- Como clarear blocos de movimento?
- Fica evidente a tentativa do intérprete com os elementos.
- O trabalho do pé é interessante porém sem meia.
- O multi-focado em Bacon.
- Fiquei com o corpo muito fechado.
- No gesto está muito formalizado, ser mais difuso, vago, perdendo o valor, não ser claro.
- No estresse da cadeira, sem som, limpo, senão fica dramático. Ficar mais tempo.
- NÃO TEM DESESPERO NA OBRA.
- Não fiz muito deslocamento nos momentos sísificos.
- Aproximar a testa no joelho na sequência da cadeira.
- Preparação para o Pedestal foi boa com a subida na cadeira.
- A fragilidade na dúvida do som.
- Crescente mais claro, não ficar indo e voltando no crescente.
- Depois do Pedestal, humanizar e manter o som ou intenção.
- PESQUISAR SOBRE MANEIRAS DE UTILIZAR O JORNAL.
- Não titubear.
- Comer o jornal não é interessante.
- Mudar no Durex o estado.
- O grito foi de pouca duração.
- A nudez = desvendar a carne.
- Nudez é necessária.
- Não existiu pausa, nem em ação, nem espacial.
- Assume o caos no espaço ou não?
- Foco narrativo interno.
sexta-feira, 20 de abril de 2012
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Homem(nascer)
Bicho
Morte
Renascer
Ensaio
quinta-feira, 19 de abril de 2012
Ensaio 11-04-2012
quarta-feira, 18 de abril de 2012
O CONTO
1-Exercício de escrita para o processo criativo de Carcaça
sentada ou Carcaça sentada no abismo: o
conto será uma tentativa de
esclarecer para intérprete e diretor o ponto de vista e a
compreensão, destes, sobre o resultado das experiências de
corporificação do que chamamos até aqui “personagem baconiano”.
Essas experiências são inspiradas e baseadas na própria obra
pictórica de Francis Bacon (objeto de estudo), nas discussões sobre
a mesma, nas interpretações individuais do universo baconiano e nas
improvisações de mesmo tema. Tendo assim chegado, até aqui, muito
próximo de uma fisicalização (modo de se mover, tônus muscular,
atletismo físico, nuances de estado, respiração, foco ocular, manifestações sonoro-vocálicas,
etc.) do corpo humano/monstro/animal proposto por Bacon, bem como de
uma interiorização psicológico muito longe de qualquer
racionalidade que nos seja reconhecível e identificável, a
elaboração desse exercício de escrita vem se adicionar como mais
uma tentativa de clarificar o entendimento ou a simples intuição
daquilo que estamos tocando, tão irreconhecível e inexprimível em
um discurso racional, mas ao mesmo tempo tão aparentemente inerente
à nossa condição de “ser”.
Foco narrativo de 1° pessoa: foco
interno;
Narrador Personagem.
1.3- Édi:
Foco narrativo de 3° pessoa: foco
externo;
Narrador Observador.
-O conto deve estabelecer um roteiro
de ações, momentos, quadros, cenas ou blocos que não
necessariamente possuem ligação narrativa racional, coerente ou
explicativa, mas cuja coerência se justificará pelo universo
narrativo criado no seu todo;
-Narrativa psicológica (tempo e
espaço psicológicos);
-Narrativa das ações no tempo e no
espaço;
-Tomar como base para a escrita o
vivido, o lido, o experimentado, o sentido, o lembrado, o intuído,
o discutido , mas sem freiar o que disso possa surgir expontânea e
genuinamente. Ou seja, dar espaço ao acaso, ao inesperado, à
surpresa que surgirem do exercício da escrita, sem, contudo, forçar
essa possibilidade;
-Uso de imagens onomatopaicas (desdobrando a pesquisa prática dos sons para uma estrutura de escrita);
-Imagens sensórias;
-Se possível e se sentir liberdade
para isso, e apenas se, experimentar uma escrita cujas
características absorvam a ideia daquilo que é narrado:
decomposição, dilatação, contorsão, justaposição, espasmo,
interiorização, caos,etc.
quinta-feira, 5 de abril de 2012
Ensaio dia 05-04-2012
Ensaio dia 03-04-2012
Ensaio dia 02-04-2012
Ensaio dia 29-03-2012
Ensaio.
Ensaio dia 07-03-2012
Ensaio dia 28-02-12
domingo, 4 de março de 2012
Ensaio
Experimentação cada vez mais segue uma linha, ou um tipo de movimentação. O que eu começo a ter consciência são os tempos de criação. A criação de um padrão e como subverter esse mesmo padrão expressivamente. Hoje experimentamos o improviso com fotos. Confesso que foi um tanto quanto difícil, era quase uma repetição de movimentos ou padrões. A sensação do corpo disforme ainda surge, vindo junto de uma consciência do corpo. Experimentamos as fotos e foi difícil e estranho enquanto processo, porém alguns resultados interessantes.
Ensaio
Hoje experimentei a minha proposta de ensaio. Quis um ambiente mais escuro para me conectar a algo mais ensimesmado. No próprio improviso de aquecimento senti que estava com muita energia. Agressivo, enérgico e bem disposto. Algumas coisas interessantes surgiram. Fomos interrompidos duas vezes, o que me esfriava, ao mesmo tempo que me concentrava. O início foi de poses que iam se borrando. Ela me conduz a um estado interessante, mas ainda distante desse ser baconiano. O improviso e quase 45 minutos foi bem rico. É perceptível os momentos em que me envolvo e quando estou distante. Porém, ao passar do tempo com o corpo aquecido, pude perceber mais possibilidades de criação. Muitas imagens novas, algumas retomadas e o final exausto em que permaneci quase 10 minutos na mesma posição nu. O nu ainda me prende mais do que vestido.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Ensaio 03.
"A sensação do início é sempre mais difícil. O começar a preencher parece ainda falso, o forçar-se a ter algo, e aos poucos permitir-se estar preenchido. As informações fortes parecem se perder em alguns momentos. Aquilo que era criativo as vezes soa mecânico. Ao mesmo tempo buscar esse foco que parece esvaziar-se de tão preenchido conduz a um estado quase letárgico. A cadeira pode se tornar uma muleta. Até que ponto ela é uma relação ou uma fuga? O sentimento que a figura me trouxe era m pouco mórbido, não de morte, mas de esvaziado, e isso se confunde com o não estar preenchido. A música já conduz a um ritmo naturalmente e sustentar o tempo "deslocado" torna-se tão difícil como o foco. Instaurou-se um estado de criação, era um a vontade porém o tema vida X morte, num fiapo de existência, me conduz a uma melancolia a uma presença baixa., mais desgastada. A cadeira que antes era uma muleta torna-se um fardo, e quando ela se torna maior ou melhor do que eu? Eu conduzo essa relação ou sou apenas um encosto para essa cadeira. Estranho, termino com a uma sensação de confusão mental até mesmo física, como se minhas pernas fossem braços, cabeça sendo braço e assim o corpo desconstruído. Perda de configuração do corpo. Remexido”.
Ensaio 01.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Primeiro Ensaio Prático.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
FRANCIS BACON - Civilização Brasileira.
- Ligavam a pintura de Bacon ao expressionismo.
- O expressionismo pressupõe a projeção de emoções e pensamentos do artista em determinadas deformações ou enfatizações de sua obra.
- Assim como o expressionismo, sua obra tem a violência do gesto pictórico e seu efeito imediato de choque, que afeta o observador.
- A representação da figura humana como tema fundamental quase único em sua obra.
- A distorção é para deformar a realidade visualizada pelo observador, exercer sobre um efeito catártico semelhante ao buscado pela tragédia grega.
- O realismo de Bacon não está ligado à representação descritiva ou imitativa, mas equivalia a fidelidade à experiência vital como tema fundamental.
- Busca representar fragmentos da realidade – sem fazer comentários sobre ela – com os meios que a pintura Poe a sua disposição.
- A figura humana é abordada nos limites de sua desintegração, pouco antes de deixar de ser reconhecível.
- A violência da matéria pictórica com a convulsão da carne.
- Por vezes lançava blocos de tinta sobre a tela, trabalhando-as com as mãos, pinceis, ou quaisquer outros instrumentos diretos e pouco afinados.
- Espaços anônimos e desolados, como se fossem sórdidos quartos de hotéis baratos ou celas de uma prisão.
- Os espaços pertencem mais ao observador do que as figuras que contém, são um mecanismo retórico de mediação entre ele e o quadro, por meio do qual se dá conta de que tem diante de si uma experiência viva.
- Sempre se percebe a presença de móveis e utensílios não transcendentes, como uma lâmpada elétrica, um interruptor, são como objetos reais das colagens cubistas, a que Braque se referia como “minhas certezas”: âncoras figurativas para o espectador, que tornam verossímil, por contraste dialético, o horror contido nas figuras tortuosas e distorcidas.
- Seus quadros não significam coisas alguma, não geram ícones ou emblemas, apenas imagens cuja interpretação – no sentido estrito da palavra – não é concludente vêmo-las com quem presencia uma execução ritual, ou como quem sofre um acidente.
-Começa a utilizar fotografias e radiografias em sua obra, que já se centra em retratos e representações da figura humana.
- Estudos fotográficos de seus humanos e animais em movimento feitos por Edward Muybridge.
-Aos poucos aparecem os cubos lineares que, como jaulas transparentes, isolam a figura de seu ambiente.
-Passa a utilizar pessoas de seu círculo mais íntimo, retalhos de sua própria vida. São rostos e nomes que se tornam familiares para todos os aficionados de sua pintura.
- Na trajetória de Bacon, sem eu início, repetem-se temas ligados tanto a pintura do passado quanto a mitos de caráter trágico tomados da literatura ou da tradição artística.
-Busca nesses motivos a auréola da tragédia, a base adequada para evocar o grito primordial de seus quadros iniciais, ou a violência íntima das coisas reais.
- As referências escolhidas por Bacon, têm em comum uma origem trágica e, portanto, de catarse e comoção.
-O grito pode ser igualmente entendido como resultado do relaxamento mandibular que se reproduz nos estados cadavéricos.
A FIGURA E O ESPAÇO
- A partir dos anos cinqüenta se observa clara diferença entre o tratamento da figura – violenta, distorcida, com grande massa de matéria -, e o espaço circundante, disposto como um cenário vazio.
- Coloca o espectador como um voyeur na cabine de um show pornô, enfrentando a figura em sua intimidade profunda.
- A caixa espacial é, o lugar imaginário do observador.
A CARNE VIOLENTADA
- Concebe a execução de suas figuras em termos de violento corpo-a-corpo.
- As figuras de Bacon aparecem como uma orgia de carne dilacerada, ferida tensa.
- Gosto por cadáveres de animais abertos ao meio.
- Partindo das fotografias de Edward Muybridge, transforma essas cenas assépticas e congeladas em violentos encontros amorosos de feição homossexual, explorando todo o potencial de luta agressivo e orgiástico.
A FIGURA E MOVIMENTO
- A maioria das figuras é de nu masculino.
- Relação com a obra de Miguel Ângelo.
- Figuras sempre em posições acrobáticas e inverossímeis, se liga a seu conceito dialético da representação, cujo efeito reside no contraste de elementos opostos, no rastro deixado na tela pela violência substantiva que ela pretende representar.
- Círculos que funcionam como lentes de aumento ou dão ênfase aos focos de tensão, e as setas, que indicam sobriamente a direção básica do movimento.
- Fusão de duas posições sucessivas numa só figura.
- Tensão muscular.
- O próprio movimento de figura que molda as formas do corpo.
- O interesse de Bacon pelas correntes de água ou pelas dunas de areia açoitadas pelo vento se explica pela possibilidade que lhe dão de reproduzir materialmente seu comportamento dinâmico com a própria aplicação de tintas.
RETRATOS
-A presença humana é a premissa básica de toda obra de Bacon.
- O pintor muitas vezes partia do uso de fotografias, pois as achava melhores do que o modelo vivo, cuja presença perturbava o processo de elaboração pictórica.
AUTO-RETRATOS
- Por maior que seja a deformação, as personagens de Bacon permanecem reconhecíveis e identificáveis.
- A longa seqüência de auto-retratos quase pode ser vista como um diário pictórico.
TRÍPTICOS
- Sua seqüência de imagens raramente tem sentido narrativo, sendo antes repetição ou variação cerimonial.
- O objetivo fundamental é o de envolver o observador numa espacialidade a uma só tempo ambígua e sugestiva, reforçando o efeito das caixas espaciais, onde se situam as figuras.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
FRANCIS BACON - LA DERIVA DEL YO Y EL DESGARRO DE LA CARNE - Adolfo Velazquéz Rocco
- O corpo se apresenta como um objeto mutilado que regressa à animalidade.
- Em sua pintura, o homem padece do sofrimento da carne, que é interpretado como o fim do corpo e o seu último reduto.
- O êxtase, desejo da carne, dos fluidos, dos detritos, a mutilação e a morte que invadem as telas de Bacon.
- Retrata a sociedade de seus desgarrados pela vida, que tratam de limpar seus pecados em banheiros sujos e solitários, seres iluminados por um sol enforcado e concentrado num anêmico bulbo o qual os ilumina.
-Espaço do corpo contestado, não observado enquanto espaço ou refúgio.
- O controle do corpo é uma ilusão, o homem passa sua existência em uma falta de estabilidade que é desconhecido.
- Se questiona a identidade e os valores que se consideravam formadores do homem. O corpo é reconstruído e suas fronteiras transpassadas e superadas.
- Proximidade com a morte e a semelhança a um cadáver chega a dissolver e a desaparecer.
- Realiza uma anatomia da autodestruição humana, tenta pegar a intensidade da experiência corporal nesses momentos de dor e êxtase.
- A morte invade as telas de Bacon, o corpo se desfigura, se apodrece, vulnerável e fronteira do orgânico e os detritos o invadem todo.
- A morte infecta a vida.
- Bacon descobriu que a forma mais simples e efetiva para criar a intensa emoção que queria que seus quadros transmitissem, era fazê-lo em uma única investida, que tudo o que necessitava era um rosto e não uma figura, uma jaula e ou uma cortina partida.
- Observa os animais, geralmente em reportagens fotográficas, servia a Bacon de entretenimento para revelar e expressar de forma mais precisa o instinto humano.
- O homem despojado de sua humanidade, o homem enquanto animal.
- Criou uma série de corpos crucificados, contorcidos, mutilados, disformes, com rostos no limite para desaparecer, seres que copulam, defecam, vomitam, ejaculam, sangram e se desmoronam.
- O corpo na obra de Bacon se faz carne, dessacraliza, apresenta como espasmo, rompe com a harmonia da superfície e da forma de um ser armazenado por sua própria indefinição, isso pela perda de sua identidade.
- Um corpo que se decompõe, que escapa por uma boca que grita, que se esvazia, se prolonga no sêmen, se dilata, se mistura com outros corpos, metamorfoseia-se em seu reflexo.
- Disseca o corpo como um cirurgião para nos mostrar a vulnerável condição humana.
- A boca é um orifício que se liga ao interior do corpo, uma abertura profundamente sexual.
- Autorretrato é a produção mais abundante da sua obra.
- A abstração, a redução a cortes da fisionomia, é uma tentativa de transcrever o conjunto de sensações que o modelo retratado suscita no pintor.
- Da identidade ao rosto em processo.
- O espelho é algo que deveria permanecer oculto, velado, inscrito no campo do narcisismo como falta não obstante, mas a imagem se manifestou.