quinta-feira, 12 de julho de 2012

Ensaio dia 30/05/2012

- Estudar a intensidade do grito para não machucar.
- Manter a diminuição de intervalos entre um grito e outro.
- Poluir mais fisicamente.
- Como eu entendo o crescente, é do chão ou na cadeira.
- Controlar a agressividade nos intervalos no rosto.
- Blasé no início, depois pode deixar a agressividade.
- Busca da neutralidade.
- Boa consciência no chão.
- A intensidade é boa nos solos, no improviso de uma hora eu não sustento.
- É um recurso parar atrás da cadeira sem se mover.
- Desloquei pouco no caranguejo.
- Fazer a cadeira passear.
- O movimento do pé lembrou a chave porém sobrou.
- A retomada depois do caranguejo ficou tensa.
- Porco funcionou, porém o som se misturou.
- O caranguejo poderia ter crescido mais.

Ensaio

Estrutura:
- Conversa neurótica.
- Durex.
- Pedestal + gritos e sussurros.
- Texto.
- Sequência cadeira.
- Sequência cambrê + ré.


- Ficar 3 improvisos experimentando essa sequência.
- Espaço para coisas novas ao mesmo tempo que fixa ainda mais os antigos.
- Possivelmente no futuro experimentar algo com velocidade, igual as fotos.
- Aceitar o estranho que traz a frieza (recurso)
- Des-sentimentalizar.
- Demora para sair de alguns estados.
- Não tem sentimentalização.
- Neutralidade e frieza do personagem.
- Ainda rola uma resistência para alguns elementos novos que são propostos, não dando importância para esses elementos novos.
- Experimentar com palito e gravata.
- Cinza e branco. (roupa)
- Exploras as costelas.

Ensaio




Material de pesquisa do solo CARCAÇA SENTADA NO ABISMO

Cenas                                                                                   
Elementos contidos nas cenas
1- Coreografia cadeira (estado homem e animal + neutro + doce + existindo)
DC

ensimesmamento / tempo dilatado / tremedeira / som / desloc. sisifico / foco / lesma / estresse / homem sentado /movimento sustentado
2-Coreografia Ré/cambrê (estado homem e monstro + neurótico + neutro)
FC
movimentos para trás / foco / deslocamento pombo e elefante / pontes / desarticulação / boca do papa / contorções
3- Durex (estado homem e animal + doce + neutro + voyerismo + existindo)
DC
ensimesmamento / tempo dilatado / lesma /  aleijado / tirada calma do durex / som / exibicionismo (para si mesmo) / deformação
4- Texto (estado monstro e homem + ensimesmamento + neurórico + agressivo + existindo)
F
desarticulação / estaladas ósseas / lesma / deslocamento sisifico / voz abissal
5- Pedestal/gritos e sussurros (estado homem/monstro/animal/homem + neurótico + agressividade)
A
 corpo fugindo de si / desarticulação / estaladas ósseas / som abissal / relação com a cadeira / boca papa / boca tríptico / contração / espasmo


Legenda:

A- ápice  DC- distendido/contínuo  FC- Fluido/contínuo  F- Forte

Estados:

homem
monstro
animal
ensimesmado
neutro
doce
neurótico
indiscernível
coexistente
existente
agressivo
reflexivo
pausado

Elementos independentes: fauno, carangueijo, nudez, deslocamentos sisificos, partes amputadas, partes mortas, sons abissais, foco multi órbita, pausas, retomadas, tremedeira, espelho, conversa neurótica, vídeo game, espamos, contrações, torções, poses na cadeira, poses deformativas do
corpo, sapato, lesma, desarticulação, estaladas ósseas, movimentos minuciosos, etc.

Ensaio dia 24/05/2012

- Usei pouco retorcido.
- Usei pouco das partes mortas.
- O grito?
- Grotesco.
- Empatia e não pena.
- Sapato foi muito fetichista,  criando uma relação.
- Caranguejo foi pouco e não chegou a um lugar.
- Não foi sofrido, mas rola uns dramas.
- O pedestal foi demorado para ocorrer, não houve crescente.
- Trabalhar os crescentes.
- Onde está o homem?
- Não estou trabalhando as quebras e retomadas de consciência.
- A boca no grito não tá abrindo toda.
- O personagem ficou pouco em pé, uma vez apenas.
- Durez não apertei e não passei verticalmente.
- Trocar o durex mais grosso.
- Tirar a cueca só no final fica gratuito.
- Mais crescentes.
- Não ritualizar a tirada de roupa.
- Sons foram ruins.

Ensaio dia 23/05/12

- Foi diferente.
- Aceitar que não farei tudo.
- Desapegar.
- Como sintetizar?
- Trabalhar os caminhos.
- Lesma.
- Desarticulado.
- Alguns elementos que possam polvilhar durante o espetáculo.
- O personagem está ali, mesmo não estando aquecido.
- Coerente na movimentação.
- Eterna busca.
- Busca dentro do encontro.
- Foco traz a consistência.
- Estou me apegando em um foco tenso.
- Relaxar as vezes o foco. (dissolver)
- Pequenos movimentos, deslizando o foco, a atenção para aquilo que quero.
- Pensar e buscar a força da minúcia.
- Me questionar o quão perto e longe eu estou de Bacon.
- Rever e coexistir a obra do Bacon.
- Cuidado com a voz Pato Donald.
-  Interessante o texto corporificado.
- Ficou um pouco estranha a transição para o porco.
- Pirar no porco embaixo da cadeira, o som também foi menos.
- Tridimensionalidade.
- Foco pode ser para frente também.
- O texto permanece do monstro para o humano.

Ensaio

- Arrastada para a quarta precisa ser mais arrastada.
- Na pausa, mais peito para o teto.
- Na estendida de quarta não girar a cabeça e reforçar o torcer dos braços.
- Na lesma não ficar se esfregando.
- No monstrinho pensar mais no alisar o corpo. (gosmento)
- No monstro já vai para o ensimesmado de baixo com a boquinha, que se mantém até a ponte.
- A qualidade do desarticulado é interessante.
- A energia do final é mais seca, senão fica over.

Ensaio

- Questão existencial.
- Pra dentro.
- Universo independente.
- Energia em colisão.
- O rosto que vai se perdendo.
- Romper a figuração.
- Corpo multidirecional.
- Cambrê foi estranho.
- Me achei conectado.
- Tríade:  MONSTRO - HOMEM - ANIMAL = BACON.
- Pré-racional.
- Simplesmente existir.
- Anomalia corporal.
- Quimeras.
- Dante: A divina Comédia.
- É o limbo onde ele vive?
- O espasmo com a coluna traz o que tem dentro.
- Entrar muito dentro de si.
- A lesma que deixa seu rastro.
- O ensimesmado ficou escondido.
- Foco!

Ensaio dia 16/05/2012

- Ré sem deslocamento.
- Cambrê passarinho no círculo.
- Cambrê elefante com jogada de cabeça para trás.
- Congela na preparatória para a quarta posição.
- Joelho no chão.
- Cambrê até o chão.
- Troca de joelhos, cerca de cinco vezes.
- Quarta posição no cambrê com três passinhos.
- Monstrinho torto.
- Pulmão ensimesmado.
- Deitada com pulmão.
- Ponte com cabeça girando e cabeça por cima do braço.
- A cabeça do passarinho mais seca.
- A cabeça do elefante é mais jogada e calcanhar fazendo barulho.
- Controlar bacia para não cair na troca de joelhos.
- Força  para finalizar com o giro na ponte.
- Melhorar as transições.
- Utilizar o foco.
- Melhorar a qualidade.
- Pausa é pausa.
- A formação para a quarta foi boa.
- A passada do braço precisa ser mais diluída.
- Descer no joelho da quarta com braço estendido.
- Tirar a ondulação no joelho.
- O pé  caminhando chapado e limpo.
- Sequência que desliza.
- A parte da mão na quarta posição precisa ser mais flúida.
CONTROLAR A RESPIRAÇÃO DURANTE TUDO.

Ensaio dia 15/05/2012

- Assumir o desequilíbrio como movimento.
- Cabeça para trás na ré.
- Cabeça mais quebrada na ré passarinho.
- Possibilidades na Quarta posição em pé.
- Controlar a respiração.
- Pé sempre em contato com o chão.
- Acentuar a jogada da cabeça para trás com o pé batendo no chão gradualmente.
- Trabalhar a pausa antes da quarta posição.
- Fazer o movimento do braço na quarta posição.
- Estudar idas para o joelho.
- Coreografar a parte do joelho.
- Monstro ponte.
- Pensar em movimento da ponte passando pela cabeça.

Ensaio 14/05/12

TEXTO.

"Consolação grande uma é piores. São outros os que saber basta-me isto. E sou como sou. Mim de piedade tenham que recuso e desgraçado sou. Deuses dos prerrogativa uma é carne. Comer pássaros de garganta em galo de frango de coxas em tetas, em fixar-se novilhas de ancas a aves de brancas carnes,  a atracar-se preferem eles. Mas pedras trituram eles, preciso for. Se carniceiros e firmes são ainda outros, os três ou dois faltam. Mal envejaria-os? Quem afiados e brancos dentes meus? Mostrar para assim, abro eu desespero de grito. Eu, por que escancarada está. Ela que verdade é não boca. Minha, é orgulho de fonte maior, minha. "

Ensaio dia 10/05/2012

-  Achei muito ensimesmado.
- Não trabalhei a amplitude do movimento.
- Tirar o contorno.
- Usei pouca torção, corpo disforme.
- O abissal.
- O instinto.
- O espasmo.
- Criação de outra dimensão.
- Se criando por dentro, a partir dos órgãos.
- Coexistência.
- O interno frágil.
- Beleza pelo feio.
- Filme: Gritos e Sussurros.(Bergman)
- Ele é dentro. 

domingo, 1 de julho de 2012

Ensaio dia 09/05/2012

- Muito claro a busca de algo.
- Foco não existiu.
- Os seres baconianos, não são espaços diretivos.
- O corpo do personagem e o foco não são diretivos, nada é diretivo.
- A insegurança.
- Corpo em uma direção e foco em outro.
- Rever a obra.
- Espelho interessante, não ficar sempre contínuo.
- Trabalhar os momentos de ruptura de direção, tempo, com pequenas quebras.
- Quebrar o seguir, o fluido.
- Pausas.
- Olho muito para os objetos, fica muito afetivo.
- Desviar o foco do objeto.
- Procurar mais o som abissal.
- Ter cuidado para não deixar o olhar se tornar afetivo.
- A construção do fauno para o cambrê foi ruim.
- A troca de joelhos no cambrê foi boa.
- Grito foi baixo.
- A ponte precisa ser construída aos poucos.
- Os movimentos são vocabulários, eles podem retornar.
- A parte amputada pode surgir em vários lugares, som e mortas.
- Criar pontos de identificação do personagem.
- Experimentar mais o texto.
- Som do pedestal não foi bom.
- Sustentei as pausas bem.
- Construir para o ser e não para o espetáculo.
- O que reflete meu abismo?
- Mais caos.
- Lesma sumiu.
- A queda da cabeça com pausa.
- Descontínuo dentro do contínuo.

Ensaio dia 08/05/2012

- Arrumada da desconectada do personagem.
- Arrastada pode ser um pouco maior.
- Arrastada com a perna estendida.
- Excesso de som.
- Black Out do personagem de uma mudança de pose.
- Pensar nas rupturas dentro desse tempo dilatado contínuo.
- Arrumar a mão no botijão.
- Peso do personagem para tudo.
- Atenção na descortinada do rosto quando está sentado.
- Foco.
- Cabeça dentro da cabeça conversando.
- Tremer não é sacudir.
- Carrapato.
- Cuidado para que o Fauno não vire um Pavão.
- Perna de trás puxando.
- Cambrê com a cabeça sustentado ou não após o fauno.

24/04/2012

- Início interessante.
- A presença sempre influencia, porém não tirou a concentração.
- Passei por materiais já trabalhados.
- Sofri um pouco.
- Visceralidade.
- Todos os órgãos, células, tudo é estado em Bacon.
- Curti o início sozinho.
- Indiscernível.
- Proposta de fazer um ensaio sozinho e filmado.
- Passei pelo drama.
- Não tem que ficar preenchendo nada.
- Não tive pausas.
- Cade as pausas?
- Desejo do indiscernível.
- Mesmo sofrido, não é trágico.
- A naturalidade?
- Não tem vitimação.
- Se constrói um tempo e um espaço.
- Como selecionar.
- No início as partes se mutilam e se encaixam.
- A busca por ser completo.
- A tridimensionalidade.
- Relaxar o rosto.
- Universos individuais.
- A cadeira como continuação do corpo.
- Funde os elementos no corpo.
- Boa concentração.
- Já comecei muito forte.
- Mão com excesso de movimento.
- Avançar mais com o pé.
- Pouco foco distorcido.
- Foco zero.
- Foco caindo pra dentro da cabeça.
- Saí do espaço várias vezes.
- O grito foi diferente.
- Não foi o grito das costelas.
- Perceber e ter consciência da imagem que crio.
- Boa tirada do durex.
- Tudo foi alardozo.
- Afobação.
- Rever as partes mortas e amputadas.

Ensaio dia 23/04/2012

- Tentativa de uma racionalização entre direção e intérprete.
- Compreensão do personagem.
- O que me traz?
- Escrita artística como mecanismo e estímulo à criação.
- Os abismos do corpo.
- Se lançar nesses abismos.
- Fraturar.
- Inchaços.
- Sua própria decomposição.
- O que tenta sair é maior do que a minha boca.
- Tenta fugir dele mesmo.
- Aceitação é uma desistência da luta.
- O abissal desse personagem.
- Não é o centro físico.
- Onde é esse centro abissal?
- Curiosidade mórbida pelo dentro.
- Uma experiência.
- Eu manipulando esse corpo. (o próprio corpo)
- Grito é o momento da libertação daquilo que é grande e está saindo.
- Ulisses. (Joyce)
- Paixão Segundo GH.
- Fisicalizar aquilo que não é coreografado.
- Corpo desconstruído.

sábado, 23 de junho de 2012

Ensaio dia 19/04/2012

Hoje foi diferente. O estímulo de dançar com o chão na cabeça e o teto nos pés, por mais que seja apenas uma imagem, ela gera uma perturbação mental. Parece que grande parte do improvisar essa nova relação permanecia latente para mim. Aos poucos fui esquentando e percebi que fico muito aquecido quando permito um envolvimento mais psicológico..não sei..Hoje controlei mais essa questão e tentei trabalhar mais com uma certa frieza. Percebi que o cansaço corporal fez com que eu fosse mais econômico, ou melhor, segurar a energia. Não foi um improviso muito rico de movimentação , mas tentei deixar mai claro pra mim o posicionamento  HOMEM dessa figura. Muita imagem perturbadora surgia com a inversão do chão e teto, o que me estimulava. Senti que a trilha estabelece uma atmosfera, o que me desprendeu ao final,  pois era uma trilha "alegre".

- A movimentação inicial do pendurado é legal.
- Partes mortas é diferente de partes amputadas.
- Estou esquecendo das partes mortas.
- A vela é interessante com a queda.
- A subida na vela é muito ágil.
- Perdi as partes amputadas.
- Estou perdendo a ré.
- Amassar do rosto é interessante.
- Não dar tanto enfoque à parte morta.
- A coruja foi interessante.
- A minhoca foi interessante.
- Boa tirada de roupa.
- Lesma a prestação, quase engatinhando.
- Suavizar as quebras.
- A investigação do espelho foi natural.
- Trabalhar a tridimensionalidade.
- Perdi a tridimensionalidade do corpo e do deslocamento.
- A interiorização.
- Desdenhar o público.
- Foco zero hoje.

Reflexão sobre um ato criativo

Até onde cheguei esse processo...
No atual momento do processo eu tenho me questionado sobre o ato artístico e até mesmo a dança. Desde o início sabíamos que não seria um resultado comercial ou pop, mas algo que nos faria questionar a criação de uma movimentação. Buscava essa definição de corpo-em-risco, e cada vez mais me debruço nessa questão para o criador que se lança numa tempestade criativa, onde não se sabe o que virá. Entender Bacon primeiramente é sentir que sua obra não traz uma narrativa, mas imagens que configuram um dentro-fora que é preenchido por cores, sensações, mas não foca no sentimento. Figuras, homens, mulheres, bichos, monstros que não sentem, mutilam-se e são mutilados, porém, não derrubam uma lágrima, como se vivessem para dentro. O local do intérprete em Bacon começa a ser também esse. É a vida interna externalizada num círculo imaginário, um espaço sem-limites, o oceano sem praia, apenas profundidade, sem bordas, sem margens. A maior dificuldade nessa criação é ser preenchido por sua obra, sem se envolver  dramaticamente. Esses seres existem por si só, bastam-se por elas mesmas. O movimento de Bacon não te começo nem fim, vive e forma-se no meio, seria o bicho a ponte entre o homem e o monstro? Percebo que cada vez mais começo a pisar num terreno movediço e instável na criação, não passa racionalização mas um estado abissal, que conduz à criação. Como sair isso tudo de mim?

Ensaio dia 18/04/2012

O exercício de falar as imagens é bem interessante, pois vai conduzindo a uma concentração, a uma calma e trazendo diversas imagens e sensações. Teve um momento bem estranho como se a imagem trouxesse uma fisicalidade que dominasse. Esse foi o momento que a boca se abria, como se um fluxo passasse e fosse até a minha cabeça. No momento que iniciei, senti que estava aquecido internamente, como se estivesse explodindo. Senti muito vigor, foi o dia que menos cansei fazendo. Me senti concentrado e disposto a vivenciar. O final eu senti uma necessidade de encontrar essa suavidade, o que foi interessante de abordar.


- Dificuldade em se manter imparcial na primeira parte.
- Lidar com o texto verbal.
- "Aqui dentro é tão grande que nem tenho força pra sair.."
- "É maior do que a minha boca, a minha boca é maior do que eu mesmo.."
- "Meu grito sai vermelho, eu vivo pelo avesso.."
- Muito passional não cabe.
- Para emitir o som, precisa animalizar o rosto?
- Na passagem houve transição entre eu, personagem e não-bacon.
- Buscar um padrão específico.
- Onde está a suavidade do personagem?Onde?
- Como se expressa nesse corpo?
- A movimentação passa pelo animal.
- DEVIR ANIMAL X DEVIR HOMINAL X DEVIR MONSTRUOSO.
- Se permanece só no animal fica apenas uma metamorfose.
- Como eu elaboro reflexivamente e poeticamente o processo?
- Fazer um conto.

Ensaio dia 17/04/2012



Difícil. Parece que ao estipular uma estrutura tudo fica mecânico. mesmo que eu me force a permanecer naquele estado, o racional parece conduzir. Senti que demorei a esquentar. O som externo do início me desligava muito. As tantas dramaturgias que surgiam nos outros ensaios, não vinham nesse. A frustração as vezes bate. Tentei não me enganar e sim fazer aquilo que me propunha e tentando ser fiel as minhas sensações. Momentos me lanço nesse abismo e momentos me afasto da borda. Me sinto estimulado pelas opções mas conectá-las é difícil, é criar um sentido antecipado, é prever o que virá.

-Menos genuíno.
- Não dava a preparação minuciosa.
- Descobrir uma maneira de dominar esse frescor.
- Como clarear blocos de movimento?
- Fica evidente a tentativa do intérprete com os elementos.
- O trabalho do pé é interessante porém sem meia.
- O multi-focado em Bacon.
- Fiquei com o corpo muito fechado.
- No gesto está muito formalizado, ser mais difuso, vago, perdendo o valor, não ser claro.
- No estresse da cadeira, sem som, limpo,  senão fica dramático. Ficar mais tempo.
- NÃO TEM DESESPERO NA OBRA.
- Não fiz muito deslocamento nos momentos sísificos.
- Aproximar a testa no joelho na sequência da cadeira.
- Preparação para o Pedestal foi boa com a subida na cadeira.
- A fragilidade na dúvida do som.
- Crescente mais claro, não ficar indo e voltando no crescente.
- Depois do Pedestal, humanizar e manter o som ou intenção.
- PESQUISAR SOBRE MANEIRAS DE UTILIZAR O JORNAL.
- Não titubear.
- Comer o jornal não é interessante.
- Mudar no Durex o estado.
- O grito foi de pouca duração.
- A nudez = desvendar a carne.
- Nudez é necessária.
- Não existiu pausa, nem em ação, nem espacial.
- Assume o caos no espaço ou não?
- Foco narrativo interno.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

STORYBOARD

Ele foi dividido em:
Neutro
Homem(nascer)
Bicho
Morte
Renascer


- Neutro.
- Pé procurando o sapato.
- Deslocadas com a cadeira e em pé.
- Gestos.
- Sequência cadeira.
- Sequência ré com deslocadas na extensão e cabeça.
- Inseto.
- Fauno.
- Movimentos no joelho, sentado.
- Bicho paralítico de lado.
- Paralítico criança.
- Pedestal.
- Cambrê na cadeira com jornal.
- Papel na boca.
- Sequência cruzada no chão.
- Corpo retorcido.
- Partes mortas.
- Estalar do corpo.
- Durex.
- Porco na cadeira.
- Desabamento de terra.
- Grito silencioso e crucificação silenciosa.
- Lesma.
- Movimento na quarta posição no chão e reza.
- Escrita com a mão.
- Deitado e escondendo o rosto com cotovelo.
- Blusa e calça.
- Cortina final.

Ensaio


Intenso!Hoje foi vigoroso, forte, foi duro, rocha. As opções iam surgindo naturalmente. A transformação do neutro para o Bacon foi surgindo naturalmente, o som foi mais grave e condutor. Muitas pausas surgiam, um tempo específico, escolhas antigas retornavam, adaptadas. Dramaturgias foram criadas naturalmente. O caos queria surgir em vários momentos. Senti que hoje eu tinha um leque de opções as quais poderiam facilmente ser acessadas. O final foi diferente,  como se a cortina fosse a primeira vez que esse ser se depara com um outro caminho fora do círculo. Foi diferente fazer as sequências nesse estado. Hoje me senti preso e interessado no estado. Não sei o que desperta em mim, mas eu gosto. Terminei chorando.
- O primeiro movimento (inseto) o som atrapalhou.
- Atento as imagens.
- O segundo movimento passou mal-humor.
- Perceber o que se cria.
- Elementos que se repetem no mesmo improviso.
- O movimento de escrever com a mão.
- O estalar do corpo.
- O fauno pareceu foco externo.
- Nesse universo cabe doçura e suavidade?
- Cadê a lesma?
- O silêncio do grito só funciona após o grito.
- Síntese de uma imagem. (força)
- Amassar o jornal é interessante.
- Não falar no gesto. (interrompe)
- Redemoinho interno. (conteúdo psicológico)
- Cuidado com o sofrimento.
- As quebras para o recomeço estão muito brutas, construir o neutro.
- Encerrar sem agressividade.
- É interessante perceber que não existe o “não saber o que fazer”.
- O conjunto das imagens criam algo.
- CRIAR UM STORYBOARD.
- Atento ao tom da imagem, será que é o que eu quero?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Ensaio 11-04-2012


Hoje foi a retomada. Iniciar partindo do som eu acho mais tranquilo, eu gosto desse estímulo. Começar sem ser Bacon eu já acho difícil. Hoje o improviso eu achei fraco. Não sei se foi o tempo sem improvisar o percurso, não sei,  sinto que demorei a engatar, a esquentar. Algumas coisas se repetiram, movimento, som e outras poucas coisas novas surgiram. O pedestal eu não quis arriscar, pois não encontrava o som orgânico do outro ensaio. Um novo som surgia, porem, não interessante. Um momento muito específico foi o grito silencioso, que causava uma mistura de cansaço, emoção e náusea. Hoje alguns momentos eu não quis dançar e sim permanecer no estado nirvânico atingido. Tudo deixava uma sensação de descompasso. Mais uma vez termino estranho e esquisito, meio calado, pensativo, sem saber o que pensar. Não sei se é piração, mas em alguns momentos eu me sinto em um local específico como se tudo fizesse sentido. Loucura!

- Hoje foi mais psicológico que físico.
- O primeiro movimento trouxe ataques mais próximos ao meu padrão.
- Foco zero.
-Como recolocar coisas que já passaram?
- Retomar o movimento retorcido.
- Definir mais o padrão desse ser.
- O movimento do pé parecia uma reza.
- O preto velho demorado fica interessante.
- A estranheza da insistência.
- O porco foi interessante como caos.
- O animal acuado e homem acuado.
- Não ter sentimento claro.
- A transição do porco para o homem foi boa.
- Como criar o caos na cena?
- Como se despedir do som?
- O grito no silêncio só funciona depois do som.
- Crucificação no grito silencioso.
- To ocupando sempre o mesmo espaço no círculo, explorar melhor.
- Corpo em uma dubiedade, foco, corpo para uma direção distinta.
- No movimento da conversa não colocar o corpo todo, fica over.
- Presidiário de si.
- Tremedeira pode voltar.
- Fauno muito analítico com foco baixo.
- Boa utilização da cortina.
- Crio imagens fortes e não percebo.
- Movimento torcido com as pernas.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

O CONTO



1-Exercício de escrita para o processo criativo de Carcaça
sentada
ou Carcaça sentada no abismo: o
conto será uma tentativa de
esclarecer para intérprete e diretor o ponto de vista e a
compreensão, destes, sobre o resultado das experiências de
corporificação do que chamamos até aqui “personagem baconiano”.
Essas experiências são inspiradas e baseadas na própria obra
pictórica de Francis Bacon (objeto de estudo), nas discussões sobre
a mesma, nas interpretações individuais do universo baconiano e nas
improvisações de mesmo tema. Tendo assim chegado, até aqui, muito
próximo de uma fisicalização (modo de se mover, tônus muscular,
atletismo físico, nuances de estado, respiração, foco ocular, manifestações sonoro-vocálicas,
etc.) do corpo humano/monstro/animal proposto por Bacon, bem como de
uma interiorização psicológico muito longe de qualquer
racionalidade que nos seja reconhecível e identificável, a
elaboração desse exercício de escrita vem se adicionar como mais
uma tentativa de clarificar o entendimento ou a simples intuição
daquilo que estamos tocando, tão irreconhecível e inexprimível em
um discurso racional, mas ao mesmo tempo tão aparentemente inerente
à nossa condição de “ser”.
1.1-Conto: Carcaça sentada no abismo
1.2- Leandro:

Foco narrativo de 1° pessoa: foco
interno;

Narrador Personagem.


1.3- Édi:

Foco narrativo de 3° pessoa: foco
externo;

Narrador Observador.
1.4- Orientações:

-O conto deve estabelecer um roteiro
de ações, momentos, quadros, cenas ou blocos que não
necessariamente possuem ligação narrativa racional, coerente ou
explicativa, mas cuja coerência se justificará pelo universo
narrativo criado no seu todo;

-Narrativa psicológica (tempo e
espaço psicológicos);

-Narrativa das ações no tempo e no
espaço;

-Tomar como base para a escrita o
vivido, o lido, o experimentado, o sentido, o lembrado, o intuído,
o discutido , mas sem freiar o que disso possa surgir expontânea e
genuinamente. Ou seja, dar espaço ao acaso, ao inesperado, à
surpresa que surgirem do exercício da escrita, sem, contudo, forçar
essa possibilidade;

-Uso de imagens onomatopaicas (desdobrando a pesquisa prática dos sons para uma estrutura de escrita);

-Imagens sensórias;

-Se possível e se sentir liberdade
para isso, e apenas se, experimentar uma escrita cujas
características absorvam a ideia daquilo que é narrado:
decomposição, dilatação, contorsão, justaposição, espasmo,
interiorização, caos,etc.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Inspiração PEDESTAL(uma delas)























Ensaio dia 05-04-2012

Hoje eu senti meu corpo bem disponível para o ensaio: acordado, estimulado, sensível. O primeiro comando do CAOS foi bem difícil de realizar. Mover perpassado pelas palavras: CHEIO, EXCESSO, VELOCIDADE, DESORDEM, EXPLOSÃO, BARULHO, foram muito difíceis de trabalhar. Nessa altura do processo conseguir desligar o padrão pesquisado para um oposto foi bem conflitante. Encontrar essa motivação do movimento pelo movimento foi difícil, ainda mais num crescente. O trabalho do som eu ainda continuo achando instigante. Partes do corpo que possam emitir som ainda me conquista pela sua complexidade. O som guiando o movimento é bastante rico, pois naturalmente ele propõe um estado que abre espaço para a movimentação, um terreno fértil à criação. Porém, o som das costelas, que me ficou mais visceral, era o mais difícil de manter. Não tenho hábito de gritar, e esse som parecia uma explosão interna, que me levava a uma quase agressividade, me exauria. Fazer o pedestal foi bem estranho, é um sentir-se monstro/humano, disputando algo, uma sobrevivência. Me vinha a imagem do Godzila, do King Kong, em cima de um prédio, pronto pra tomar a cidade, ao mesmo tempo que é ameaçado, surgindo então umas jogadas de pernas de proteção. Logo após, veio a sequência da cadeira, com esse homem/monstro. Ainda não consegui decifrar o que senti, mas terminei confuso com o grito e meio estranho.

- Cumplicidade entre som e movimentação tinha coerência.
- A qualidade da movimentação conectada ao som.
- O som das costelas parece ave de rapina, súplica, desespero e ataque.
- Som da virilha parecia um chinês.
- Som do estômago parecia um refluxo e reclamação.
- Escápulas pareciam pré-vômito.
- Céu da boca parecia uma escarrada, gargarejo e o Pato Donald.
- Ânus foi meio audível.
- Coração parecia um eletrocardiograma, tinha uma melodia.
- O corpo todo, cheio de ar, soprado, confuso.
- Não precisa ir tão rápido pra cadeira no pedestal.
- O ataque da mão no pedestal tem que ser menor.
- O grito na sequência da cadeira é bom.
- No caos fiz má utilização do espaço.

Ensaio dia 03-04-2012

Hoje foi novamente estranho. O trabalho do som parece despertar aquilo que me habita de mais abissal. Não sei se foi o cansaço também, mas meu corpo estava mais lento hoje, demorando a engatar. Percebo um desgaste mental que reverbera fortemente no corpo. Não consegui chegar a esse caos, mas chego numa confusão interna. Todas as proposições foram surgindo aleatoriamente. Não sei qual estímulo atravessa para despertar os outros, mas algo perturbador em alguns momentos surge e me conduz. Alguns momentos foram fortes internamente e que quase até me emocionaram, mas não sei ainda o motivo. Mais uma vez termino meio perturbado, estafado, precisando de algo que me conecte a um estado mais tranquilo. Me senti hoje num estado de criação diferente, ainda não identificado.

- Movimentação inicial interessante. A qualidade quase agressiva serviria para o tique da cadeira.
- O primitivo da língua no próprio corpo no chão.
- O papel dentro da boca deformou meu corpo, é interessante.
- As quebras não foram tão suaves, foram descontroladas.
- O fauno com durex não funciona, fica over.
- Fauno de roupa.
- A sequência do chão com durex funcionou.
- É interessante quando o som parece não sair de mim.
- O bicho na cadeira que para e fica apenas o som (imagem).
- O som que usei no pedestal não dava ápice.
- O foco se perdeu um pouco.
- A sentada final ficou dramática.
- A retirada do durex foi interessante.
- Ajustar o som para o não humano.
- Se mover a blusa enquanto caminha, ela se torna apenas blusa.
- Buscar o som abissal.
- O personagem se formando.

Ensaio dia 02-04-2012

Hoje foi o improviso mais estranho. Primeiro faço da sensação que estou agora: confuso, torto, vomitado, vontade de chorar, estranheza do meu corpo, mente confusa, corpo desmembrado, bicho, homem, monstro, sozinho, ameaçado, desintegrado. Percebi que o improviso de hoje seguiu movimentos mais tensos, rápidos e uma necessidade de explodir. O foco se transformou quase que numa hipnose. A mente não distraía, ela ia sendo corpo ao mesmo tempo. O bicho veio forte, o som veio estranho. Sensações confusas entre o ser humano que tenta ser comum com aquilo que não tem nome. Percebo uma exigência psicofísica maior do que eu tenho. Cansaço, perdido, e o tempo longo e longo. Surgiram muitos movimentos novos e novos estados.

- Já iniciei com uma fisicalidade forte.
- Tempo sentado interessante.
- Tempo de lagartixa.
- O tempo dilatado deforma o corpo naquela posição.
- Configuração do corpo.
- Identificar esse padrão de movimento e aprofundá-lo.
- A caminhada em pé com a cadeira parecia ter fundido com o corpo.
- Consegui compor com a música.
- Movimento de cabeça de galinha.
- O devir animal surgindo naturalmente.
- Variação rica de proposições.
- Fui criando dramaturgias internas.
- Movimento em cima do joelho num cambre.
- Deitado e cotovelos juntos escondendo o rosto.
- Sons animalescos.
- Som do animal que a gente nunca escutou antes.
- Pose com punhos fechados.
- Retomadas de neutralidade humana (cuidado para não ser o intérprete)
- Encontrando essa estranheza como estado.
- Movimento de deslizamento de terra (caindo aos poucos).
- Sem começo nem fim, apenas o meio.(encenação)
- Quando for o pedestal é todo em cima da cadeira, sem pé no chão.
- Passar por elementos que eu ja abordei antes em improvisos.
- Não pensar em comunicar.
- Entrar nesse estado e permanecer.
- Pesquisar animais e pessoas em jaulas.

Ensaio dia 29-03-2012

Comecei hoje com a roupa sentado na cadeira. Fechei os olhos e deixei os acordes do som, minha respiração e imaginação me guiarem. Antes do ensaio revisitei a obra, e senti que entrei mais preenchido hoje. Me veio o conceito de espasmo no rosto, como se fosse um autorretrato borrado. Leves tensões surgiam em pontos específicos do rosto e se espalhavam aos poucos pelo resto do corpo. Um estado surgiu nessa pesquisa. Utilizei a cadeira novamente com deslocada, deitado por cima dela. Comecei a utilizar o devir animal como opção de conceito. A animalidade é mais fácil de ser abordada. Não penso no animal e sim numa organicidade que ele propõe. A caminhada surgiu exitante, desconfiada. Ela sabe que acontece porém não é direta. Ao chegar na mesa eu comecei a trabalhar com possibilidades de escrever sem usar as mãos, e sim a boca. Devorei o papel sem utilizar as mãos e também experimentei movimentações na cadeira. Tirei os sapatos, buscando sempre esse estado de não presença, de arrastado, de sucção interna. Fui para as cortinas, mudei um pouco a dinâmica, mas mantendo a aproximação do interno. Ao retirar a calça, utilizei-a nos pés como se fosse minha sombra. O encontro comigo mesmo: a sombra.


-

Ensaio.

Comecei a trabalhar sem roupa, de olhos fechados. O primeiro momento foi perceber e sentir o corpo, o ar, a respiração. Comecei trabalhando com a imagem da penumbra, como se estivesse em um lugar vazio, com uma névoa branca, que atrapalhava minha visão. Esse estímulo já me deu uma qualidade de movimento densa. Comecei a me locomover nessa névoa e o som do animal naturalmente me deu uma sensação de tempo estendido, suspenso, o momento do ataque feroz. Algumas agachadas surgiram como tentativa de esquivar ou observar esse momento. Foi pedido as pequenas ações e gestos, que nunca se completavam ou finalizavam, o gesto suspenso e não finalizado. As ações para se locomover foram realizadas sem as articulações das pernas, o que limitava e adaptava o caminhar. Surgiu a caminhada nos pés meio street dance, pequenos passos laterias ou frontais que deslocavam a carcaça. Surgiu o momento da parede e da porta, onde esse corpo tentava se locomover entre esses apoios e parede, fazendo ligação com a imagem da chave na porta com os pés torcidos tentado se locomover, deslocando nessa outra horizontalidade. A porta como fuga desse espaço. "Ele nao conhece vida fora desse lugar" Essa é a sua condição eterna.

- O devir animal.
- Coerência no gestual, na respiração e no estado.
- O foco funciona.
- O ensimesmado.
- O início da cadeira com micromovimentos é interessante.
- O arrastar da cadeira funciona.
- Não desistir rápido de algumas ações.
- Sina, condição, fardo.
- Existir é violento. A vida inteira tentando ser algo.
- Arrastado não é sofrido.
- O animal não sofre, ele não conhece outra coisa.
- O exitante que remete ao video game.
- Não ter certezas.
- A qualidade do comer o papel.
- A calça no pé é bom.
- O que a sombra representa.

Ensaio dia 07-03-2012

- Discussão e reflexão sobre esse corpo de Bacon.
- Corpos e ações não cotidianas.
- Outra realidade dentro daquela moldura proposta por Bacon.
- O que Bacon corporifica em sua obra?
- O corpo não apolíneo.
- O redondo na Obra do Bacon seria o cíclico?
- O redondo reforça o isolamento na obra do Bacon.
- Não estabelece narrativa.
- Figuras que se repetem e que não mantém narrativa.
- Sombra presente na obra.
- Figuras chapadas que se fundem ao fundo, e a figura como forma.
- Presença do voyeur, do fotógrafo.
- Essa presença insere-se como testemunha na própria tela.
- Um corpo que tenta escapar por seus órgãos.
- Um corpo que tenta escapar de si.
- Deformada, contraída, aspirada, estirada e dilatada.
- Pintor de cabeças e não de rostos.
- Animalidade enquanto essência energética.
- Sombra que escapa do corpo.
- Zona de indecisão entre o homem e o animal.
- As partes adormecidas.
- O atletismo do corpo na carne.
- Acrobacia da carne.
- Carcaça em potência.


Ensaio dia 28-02-12

IMPROVISO
-Movimento para trás.
- O deslocar da cabeça para trás com a pisada forte.
- Foi interessante as mudanças de dinâmicas ao longo do improviso.
- A tensão do ir pra frente e o sugado pra trás.
- Como trabalhar o foco?
- A tentativa de olhar pra trás e não conseguir.
- A tensão nos braços.
- Micromovimentos.
- Sentado com os braços para trás numa extensão e respiração forçando o peito.
- Aproveitar a respiração e movimento de afundar no peito.
- Torções + afundar-se deformando-se fica interessante.
- "Apenas existir naquele espaço sem fim algum."
- Eliminar o sofrimento nos improvisos.
- A incompletude da existência.
- Viver naquele espaço.
- O espaço da não definição.
- Deslocada pelado girando.
- Vai e volta no movimento.
- Cuidado com as tensões nas mãos.
- Andada com a perna morta.
- Respiração sentado.
- Respiração ofegante deitado com a cabeça.
- Agarrar o ar (seco, sem sobras de movimento).
- Pose com joelho girando.
- Do desumano e o retorno ao humano até sentar na cadeira.
- O corpo sempre se espremendo.
- Não tem um tempo humano.
- A tentativa de falar de coisas não identificáveis.
- Deslocada com a perna de lado, sentado, com a boca movendo (pequenos saltinhos).
- Bicho na cadeira.
- Mão no rosto deformando.

domingo, 4 de março de 2012

Experimento..

http://vimeo.com/37911012

Experimentação fotográfica.








Ensaio

Experimentação cada vez mais segue uma linha, ou um tipo de movimentação. O que eu começo a ter consciência são os tempos de criação. A criação de um padrão e como subverter esse mesmo padrão expressivamente. Hoje experimentamos o improviso com fotos. Confesso que foi um tanto quanto difícil, era quase uma repetição de movimentos ou padrões. A sensação do corpo disforme ainda surge, vindo junto de uma consciência do corpo. Experimentamos as fotos e foi difícil e estranho enquanto processo, porém alguns resultados interessantes.

Ensaio

Hoje experimentei a minha proposta de ensaio. Quis um ambiente mais escuro para me conectar a algo mais ensimesmado. No próprio improviso de aquecimento senti que estava com muita energia. Agressivo, enérgico e bem disposto. Algumas coisas interessantes surgiram. Fomos interrompidos duas vezes, o que me esfriava, ao mesmo tempo que me concentrava. O início foi de poses que iam se borrando. Ela me conduz a um estado interessante, mas ainda distante desse ser baconiano. O improviso e quase 45 minutos foi bem rico. É perceptível os momentos em que me envolvo e quando estou distante. Porém, ao passar do tempo com o corpo aquecido, pude perceber mais possibilidades de criação. Muitas imagens novas, algumas retomadas e o final exausto em que permaneci quase 10 minutos na mesma posição nu. O nu ainda me prende mais do que vestido.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ensaio 03.

"A sensação do início é sempre mais difícil. O começar a preencher parece ainda falso, o forçar-se a ter algo, e aos poucos permitir-se estar preenchido. As informações fortes parecem se perder em alguns momentos. Aquilo que era criativo as vezes soa mecânico. Ao mesmo tempo buscar esse foco que parece esvaziar-se de tão preenchido conduz a um estado quase letárgico. A cadeira pode se tornar uma muleta. Até que ponto ela é uma relação ou uma fuga? O sentimento que a figura me trouxe era m pouco mórbido, não de morte, mas de esvaziado, e isso se confunde com o não estar preenchido. A música já conduz a um ritmo naturalmente e sustentar o tempo "deslocado" torna-se tão difícil como o foco. Instaurou-se um estado de criação, era um a vontade porém o tema vida X morte, num fiapo de existência, me conduz a uma melancolia a uma presença baixa., mais desgastada. A cadeira que antes era uma muleta torna-se um fardo, e quando ela se torna maior ou melhor do que eu? Eu conduzo essa relação ou sou apenas um encosto para essa cadeira. Estranho, termino com a uma sensação de confusão mental até mesmo física, como se minhas pernas fossem braços, cabeça sendo braço e assim o corpo desconstruído. Perda de configuração do corpo. Remexido”.

- O domínio do tempo ainda racional.
- O foco no espaço ainda não é interessante.
- Dificuldade em subverter o tempo.
- Eletrocardiograma de tempo.
- O tempo, influenciando na movimentação.
- Foco Ocular.
- O movimento seguindo o olhar.
- Breve desconexão entre foco e movimento.
- As mãos fragiliza o movimento.
- O adolescente ainda brota, hehehe.
- Não pensar em usar a cadeira e sim que ela seja parte de tudo.
- Ficar buscando freia, deixar o fluxo guiar.
- O comando do não confortável ajuda a criar uma outra movimentação, ajuda a deformar esse corpo.
- Existencialismo.
- Paixão Segundo GH.

Ensaio 01.

O ensaio de hoje foi a experimentação com a cadeira novamente. E o exercício do automatismo psíquico..

"Dentro de mim surge aquilo que há de mais estranho. Desde o início, numa posição não confortável, o corpo que guia, aquele corpo quase deformado, num misto de enjoo, de estar sem rumo. No momento que vai para o corpo todo, o movimento, uma sensação de parto defeituoso. eu sou um defeito. Me formei defeito ou nasci assim?"

- A boca, o instintivo.
O experimento do automatismo mostra toda a força de racionalização que eu coloco na minha vida. A dificuldade de perder, de correr o risco ainda é algo a ser buscado.


terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Primeiro Ensaio Prático.

A proposta do ensaio hoje foi uma breve discussão da obra de Bacon. Suas referências, sensações, narrativas, tudo aquilo que surge e perpassa sua obra. Seres estranhos, figuras humanamente desumanas, suas cores, seus vícios.

Primeiro Improviso.
Mesmo não pensando na obra de Bacon, a proposta aberta trouxe as relações antes debatidas na discussão. A improvisação na cadeira, abria um universo imenso de possibilidades de movimentação, que praticamente me deixa muito mais a vontade nela do que caminhando. Ao ficar de pé não sentia necessidades de grandes movimentos cadenciados. A situação, a relação, tudo aproximava a quase uma economia de movimento, movimentos mais reflexivos, mais contidos, mas mesmo assim expressivamente potentes dependendo de como serão trabalhados. Confesso que a cadeira é muito interessante mesmo!

Segundo Improviso.
Sentado na cadeira e falando textos. Manter um texto coeso com a movimentação, simultânea ou não, gerava uma ansiedade e quase uma dislexia por não responder dois estímulos ao mesmo tempo.

Terceiro Improviso.
Um pouco parecido com o segundo, ele ampliou e conduziu naturalmente a uma economia de movimento novamente, mas também a sons, palavras, como se tudo fosse uma composição instantânea, uma resposta do momento. Imagens foram surgindo, sensações foram criadas, e referências naturalmente foram sendo realizadas. A partir do improviso novas discussões foram geradas e até mesmo questionadas.
Interessante...

Proposta para o ensaio de amanhã:
Atenção no FOCO, no Tempo, e na disposição física não confortável.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

FRANCIS BACON - Civilização Brasileira.

- Ligavam a pintura de Bacon ao expressionismo.

- O expressionismo pressupõe a projeção de emoções e pensamentos do artista em determinadas deformações ou enfatizações de sua obra.

- Assim como o expressionismo, sua obra tem a violência do gesto pictórico e seu efeito imediato de choque, que afeta o observador.

- A representação da figura humana como tema fundamental quase único em sua obra.

- A distorção é para deformar a realidade visualizada pelo observador, exercer sobre um efeito catártico semelhante ao buscado pela tragédia grega.

- O realismo de Bacon não está ligado à representação descritiva ou imitativa, mas equivalia a fidelidade à experiência vital como tema fundamental.

- Busca representar fragmentos da realidade – sem fazer comentários sobre ela – com os meios que a pintura Poe a sua disposição.

- A figura humana é abordada nos limites de sua desintegração, pouco antes de deixar de ser reconhecível.

- A violência da matéria pictórica com a convulsão da carne.

- Por vezes lançava blocos de tinta sobre a tela, trabalhando-as com as mãos, pinceis, ou quaisquer outros instrumentos diretos e pouco afinados.

- Espaços anônimos e desolados, como se fossem sórdidos quartos de hotéis baratos ou celas de uma prisão.

- Os espaços pertencem mais ao observador do que as figuras que contém, são um mecanismo retórico de mediação entre ele e o quadro, por meio do qual se dá conta de que tem diante de si uma experiência viva.

- Sempre se percebe a presença de móveis e utensílios não transcendentes, como uma lâmpada elétrica, um interruptor, são como objetos reais das colagens cubistas, a que Braque se referia como “minhas certezas”: âncoras figurativas para o espectador, que tornam verossímil, por contraste dialético, o horror contido nas figuras tortuosas e distorcidas.

- Seus quadros não significam coisas alguma, não geram ícones ou emblemas, apenas imagens cuja interpretação – no sentido estrito da palavra – não é concludente vêmo-las com quem presencia uma execução ritual, ou como quem sofre um acidente.

-Começa a utilizar fotografias e radiografias em sua obra, que já se centra em retratos e representações da figura humana.

- Estudos fotográficos de seus humanos e animais em movimento feitos por Edward Muybridge.

-Aos poucos aparecem os cubos lineares que, como jaulas transparentes, isolam a figura de seu ambiente.

-Passa a utilizar pessoas de seu círculo mais íntimo, retalhos de sua própria vida. São rostos e nomes que se tornam familiares para todos os aficionados de sua pintura.

- Na trajetória de Bacon, sem eu início, repetem-se temas ligados tanto a pintura do passado quanto a mitos de caráter trágico tomados da literatura ou da tradição artística.

-Busca nesses motivos a auréola da tragédia, a base adequada para evocar o grito primordial de seus quadros iniciais, ou a violência íntima das coisas reais.

- As referências escolhidas por Bacon, têm em comum uma origem trágica e, portanto, de catarse e comoção.

-O grito pode ser igualmente entendido como resultado do relaxamento mandibular que se reproduz nos estados cadavéricos.

A FIGURA E O ESPAÇO

- A partir dos anos cinqüenta se observa clara diferença entre o tratamento da figura – violenta, distorcida, com grande massa de matéria -, e o espaço circundante, disposto como um cenário vazio.

- Coloca o espectador como um voyeur na cabine de um show pornô, enfrentando a figura em sua intimidade profunda.

- A caixa espacial é, o lugar imaginário do observador.

A CARNE VIOLENTADA

- Concebe a execução de suas figuras em termos de violento corpo-a-corpo.

- As figuras de Bacon aparecem como uma orgia de carne dilacerada, ferida tensa.

- Gosto por cadáveres de animais abertos ao meio.

- Partindo das fotografias de Edward Muybridge, transforma essas cenas assépticas e congeladas em violentos encontros amorosos de feição homossexual, explorando todo o potencial de luta agressivo e orgiástico.

A FIGURA E MOVIMENTO

- A maioria das figuras é de nu masculino.

- Relação com a obra de Miguel Ângelo.

- Figuras sempre em posições acrobáticas e inverossímeis, se liga a seu conceito dialético da representação, cujo efeito reside no contraste de elementos opostos, no rastro deixado na tela pela violência substantiva que ela pretende representar.

- Círculos que funcionam como lentes de aumento ou dão ênfase aos focos de tensão, e as setas, que indicam sobriamente a direção básica do movimento.

- Fusão de duas posições sucessivas numa só figura.

- Tensão muscular.

- O próprio movimento de figura que molda as formas do corpo.

- O interesse de Bacon pelas correntes de água ou pelas dunas de areia açoitadas pelo vento se explica pela possibilidade que lhe dão de reproduzir materialmente seu comportamento dinâmico com a própria aplicação de tintas.

RETRATOS

-A presença humana é a premissa básica de toda obra de Bacon.

- O pintor muitas vezes partia do uso de fotografias, pois as achava melhores do que o modelo vivo, cuja presença perturbava o processo de elaboração pictórica.

AUTO-RETRATOS

- Por maior que seja a deformação, as personagens de Bacon permanecem reconhecíveis e identificáveis.

- A longa seqüência de auto-retratos quase pode ser vista como um diário pictórico.

TRÍPTICOS

- Sua seqüência de imagens raramente tem sentido narrativo, sendo antes repetição ou variação cerimonial.

- O objetivo fundamental é o de envolver o observador numa espacialidade a uma só tempo ambígua e sugestiva, reforçando o efeito das caixas espaciais, onde se situam as figuras.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

FRANCIS BACON - LA DERIVA DEL YO Y EL DESGARRO DE LA CARNE - Adolfo Velazquéz Rocco


- O corpo se apresenta como um objeto mutilado que regressa à animalidade.

- Em sua pintura, o homem padece do sofrimento da carne, que é interpretado como o fim do corpo e o seu último reduto.

- O êxtase, desejo da carne, dos fluidos, dos detritos, a mutilação e a morte que invadem as telas de Bacon.

- Retrata a sociedade de seus desgarrados pela vida, que tratam de limpar seus pecados em banheiros sujos e solitários, seres iluminados por um sol enforcado e concentrado num anêmico bulbo o qual os ilumina.

-Espaço do corpo contestado, não observado enquanto espaço ou refúgio.

- O controle do corpo é uma ilusão, o homem passa sua existência em uma falta de estabilidade que é desconhecido.

- Se questiona a identidade e os valores que se consideravam formadores do homem. O corpo é reconstruído e suas fronteiras transpassadas e superadas.

- Proximidade com a morte e a semelhança a um cadáver chega a dissolver e a desaparecer.

- Realiza uma anatomia da autodestruição humana, tenta pegar a intensidade da experiência corporal nesses momentos de dor e êxtase.

- A morte invade as telas de Bacon, o corpo se desfigura, se apodrece, vulnerável e fronteira do orgânico e os detritos o invadem todo.

- A morte infecta a vida.

- Bacon descobriu que a forma mais simples e efetiva para criar a intensa emoção que queria que seus quadros transmitissem, era fazê-lo em uma única investida, que tudo o que necessitava era um rosto e não uma figura, uma jaula e ou uma cortina partida.

- Observa os animais, geralmente em reportagens fotográficas, servia a Bacon de entretenimento para revelar e expressar de forma mais precisa o instinto humano.

- O homem despojado de sua humanidade, o homem enquanto animal.

- Criou uma série de corpos crucificados, contorcidos, mutilados, disformes, com rostos no limite para desaparecer, seres que copulam, defecam, vomitam, ejaculam, sangram e se desmoronam.

- O corpo na obra de Bacon se faz carne, dessacraliza, apresenta como espasmo, rompe com a harmonia da superfície e da forma de um ser armazenado por sua própria indefinição, isso pela perda de sua identidade.

- Um corpo que se decompõe, que escapa por uma boca que grita, que se esvazia, se prolonga no sêmen, se dilata, se mistura com outros corpos, metamorfoseia-se em seu reflexo.

- Disseca o corpo como um cirurgião para nos mostrar a vulnerável condição humana.

- A boca é um orifício que se liga ao interior do corpo, uma abertura profundamente sexual.

- Autorretrato é a produção mais abundante da sua obra.

- A abstração, a redução a cortes da fisionomia, é uma tentativa de transcrever o conjunto de sensações que o modelo retratado suscita no pintor.

- Da identidade ao rosto em processo.

- O espelho é algo que deveria permanecer oculto, velado, inscrito no campo do narcisismo como falta não obstante, mas a imagem se manifestou.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O CORPO DESFEITO POR FRANCIS BACON por Rogério Luz

























- A quase exclusividade da apresentação e do desfazimento do corpo na obra de Francis Bacon, justificam o interesse da obra do pintor inglês para um certo exame da temática do corpo.
- A reprodução do rosto por Bacon, segundo ele nos diz, procura acolher a potência que habita no corpo.
- Na figuração do corpo humano da arte pré-histórica, não há representação do rosto, nem, portanto, do olhar.
- Pierre Francastel assinala a importância da figura do ser humano na arte, presente em todas as épocas e culturas (...) os modos de representar variam e podem ser agrupados em três grandes tipos: SIMBÓLICO - de um poder divino ou real, mais ou menos rigidamente codificado, sem que os traços individuais predominem. REALISTA - o indivíduo aparece como representante de um grupo social, em um contexto cultural específico. INDIVIDUALIZADO - quando surge de uma subjetividade singular.
- Na arte moderna ocorre a ruptura: entra em cena o sujeito das sensações e a linguagem autorreferente.
- A imitação do mundo é substituída pela análise do sujeito, consciência e corpo produtores de signos.
- A representação da figura humana diria respeito à maneira de se pensar o lugar do indivíduo na sociedade e do ser humano no cosmos.
- Para Bacon, mais do que um sujeito se apresenta, o que se operaria na figura humana retratada seria a pluralidade e a diversidade de modos de produção da subjetividade.
- Na figura em Bacon, não realista, evidencia-se a distância entre a imagem e coisa. A mais estreita intimidade vai de par com o maior estranhamento.
- A reprodução do rosto por Bacon, procura acolher a potência que habita o corpo.
- Um novo regime de produção de verdade sobre o corpo e o sujeito revela-se na arte atual em torno da figura humana e de suas desfigurações(...) Se o discurso do quadro é a construção de uma enunciação de verdade não é, justamente, da ordem do visível.
- A questão da figura humana não se coloca tanto em termos de analogia entre cópia e modelo, semelhança e dessemelhança, nem da dialética da contradição entre si próprio ou alhear-se de si. Ela se coloca fundamentalmente em termos de um devir simultâneo de, identidade e alteridade, contrariedade paradoxal e relação exclusiva do mesmo e do outro.
- Segundo Winnicott, por meio da distorção e do desfazimento de corpos e rostos, Bacon procura dolorosamente ser visto, o que aponta para o próprio fundamento de um olhar criativo.
- Bacon enfatiza o papel do acaso, da busca de uma estrutura que parta do acaso e que evite a imagem ilustrada comandada racionalmente.
- Essa forma/figura, real e verdadeira, parece e aparece "com a coisa", e remete diretamente ao feixe de sensações nervosas que é o corpo, sem mediação de comparação com um referente modelo.
- Na pintura de Bacon, o olhar, ao se libertar do corpo orgânico - isto é, ao liberar o olho de sua integração em um todo orgânico - atinge uma intensidade tátil, porque permite que a cor possa agir diretamente sobre o sistema nervoso.
- Deleuze reconhece, nas pinturas de Bacon, as Estruturas Espacializantes, de cor chapada ou escovada, os contornos ou limites, que as linhas determinam, e, por fim, as Figuras, que esboçam dois movimentos: de emergência do caos e de retorno ao caos. Toda essa configuração parte de Diagramas, isto é, de uma trama traçada e apagada por gestos, com o uso de diferentes instrumentos: mão, pano, escova ou o que estiver por perto.
- Os Diagramas - traços e manchas - são pré-pintura: eles mostram o que na tela já está confusamente escrito.
- Bacon rompe com o figurativo, evitando a imagem narrativa e ilustrativa.
- A forma ilustrativa imediatamente lhe fala, através da inteligência, que ela expressa, enquanto no caso da não ilustrativa, ela primeiro atua nas emoções e depois faz revelações sobre o fato.
- Bacon desorganiza o figurativo e caminha na forma do corpo e do rosto humano, para o inorgânico e o inumano, isto é, para a forma figura.
-Aquilo que faço com as faces é feito por motivos estéticos, por que acho que isso fez a imagem ser transmitida de maneira mais intensa, mais verdadeira.
- Cada Diagrama, e cada Figura que dali emerge, por meio de determinada lógica, é singular, acontecimento singular a ser testemunhado a cada vez. Esse acontecimento é processo de subjetivação: como linha e plano, cor e figura, uma corporeidade, um sujeito corpóreo, centrado em seu isolamento e desaparecimento,é produzido e surge do isolamento como Ícone ou Imagem, mais verdadeiro do que o seria por semelhança.
- Realidade e verdade não estão do lado da semelhança representativa, mas a imagem sensorial, produz o fato das sensações, o fato que afeta.
- Para Bacon, as radiografias do corpo humano revelam a plástica dos ossos e carnes, a força de impacto de uma estrutura e as sensações de vida e morte, provocadas, por exemplo, por suas crucificações.
- Bacon não trabalha na presença, mas sobre fotos de seus modelos: prefere ficar sozinho mas com a lembrança deles.
- "Através da foto começo a divagar sobre a imagem e meu pensamento vai captando na realidade mais finamente do que conseguiria apenas com os olhos. E as fotografias não são somente pontos de referência; muitas vezes elas são detonadoras de ideias.
- O rosto visão, o rosto olhar, o rosto espelho da alma e o rosto signo da intersubjetividade humana não são suficientes ara conceituar nossa atual experiência do corpo. O corpo, representado como sistema de órgãos e funções, torna-se um campo de forças internas e externas. Essas forças se tornam indiscerníveis sobre uma fronteira de contato e separação. O corpo é atravessado por fluxos que configuram diferentes zonas de sensação e níveis de intensidade mutantes: corpo de desejo, corpo de afetos. Corpo que não se opõe aos órgãos, mas a organização deles em um organismo.



quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

"Francis Bacon - Um grito suspenso na distorção da imagem"...de Beatriz Elisa

- Influência do Nazismo Alemão em sua obra.
- Homossexualismo.
- Alcoolismo.
- Provocador, obsceno e anticonformista.
- Influência de Picasso e Van Gogh.
- Inspira-se em Velázquez e Rembrandt e nas fotos de figuras em nuas em movimentos de Edward Muybridge do século XIX.
- Bacon distorce e transforma voluntariamente a figura, questionando não só a imagem, mas a própria pintura enquanto arte da representação, pois considera a imagem como sendo mais importante do que a beleza do quadro.
- Remete o espectador à vida com mais violência.
- Suas imagens são "uma tentativa de fazer a coisa figurativa atingir o sistema nervoso de uma maneira mais violenta, mais penetrante.
- Sua obra é marcada por figuras de traços intensos.
- Carne em desintegração se reconstruindo enquanto corpo, com dor e dificuldade, retomando a consciência de sua condição.
- A beleza do colorido da carne.
- "Somos carcaça em potencial."
- "Sempre que entro num açougue penso que é surpreendente eu não estar ali no lugar do animal".
- Orgia de carnes dilaceradas, feridas, tensas em constante movimento de luta, como se fossem uma única substância, um amontoado de carne, sendo impossível a distinção dos corpos.
- O sujeito termina o estádio do espelho, identificado com a imagem de seu semelhante, e vê o seu ser numa reflexão em relação ao outro.
- Bacon funde a imagem com o espelho.
- Brutalidade dos fatos e a violência íntima das coisas reais.
- Fazer do aversivo algo convidativo a se olhar.
- A obra de Bacon se passa numa ambiente que lembra ocasionalmente uma caixa espacial absolutamente vazia, ou cela de prisão, numa tentativa de isolar a figura e representar o lugar imaginário do observador como se fosse o prolongamento de seu ângulo de perspectiva.
- O espectador como voyeur de uma cena particular.
- Figura na intimidade.
- Lacan comentando a obra de Merleau-Ponty afirma que todo quadro é uma armadilha para o olhar, uma vez que somos literalmente chamados para dentro do quadro, e representados aí enquanto capturados.
- Bacon faz uso do vidro com a intenção de unificar o quadro e também afastar-se do objeto, como se soubesse de sua parcialidade e do fascínio de suas vestimentas.
- Os trípticos são utilizados como um mecanismo cenográfico e espacial, onde algo se passa.
- Seu objetivo é envolver num sistema panorâmico específico, porém destituído de qualquer cunho narrativo.
- Temas de origem trágica.
- Usa pessoas de seu círculo como modelos e fotografa reproduzindo-as pictoricamente, ressaltando traços mais marcantes, desprezando e distorcendo todo o resto, sem que possamos identificar a pessoa.
- Vontade de pintar a essência das coisas, da paisagem, da água, das pessoas, aquilo que delas emana, sua substância, sem qualquer dimensão psicológica ou de personalidade.
- "A gente vive quase todo tempo encoberto por véus".
- Se vê como um fazedor de imagens.
- Registrar imagens que exprimam o conjunto de sensações que elas provocam.
- Construir imagens sobre marcas não racionais.
- Imagens acidentais como sendo as mais reais, uma vez que não foram modificáveis pelo pensamento cotidiano.
- Tinha tendência de destruir seus melhores quadros.
- " Muitas vezes não sei o que a tinta fará, e ela faz muitas coisas que são muito melhores do que se seguissem estritamente minhas ordens".
- A maior de todas as suas obsessões é a imagem de um grito.
- Tocado pelo cheiro da morte e pelo fato que um vive de comer o outro.